Segundo a mais recente Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), no comparativo janeiro de 2022 com janeiro de 2021, o faturamento do comércio de materiais de construção decresceu 7,8%, em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado), e cresceu 7,9%, nominalmente (volume de vendas com inflação).
Logo, conclui-se que na abertura do ano vigente, o desempenho positivo das vendas do varejo e atacado de materiais de construção deve ser atribuído à inflação. Essa mesma inflação que corrói a renda dos trabalhadores, reduzindo a massa salarial para consumo, mesmo com a recuperação do mercado de trabalho.
Segundo a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), no trimestre terminado em dezembro de 2021 comparado com o trimestre terminado em dezembro de 2020, houve redução da massa salarial real das pessoas ocupadas (recursos advindos do total de trabalhadores formais ou informais) de R$4,2 bilhões.
Daí, em boa parte, a razão da queda no faturamento real do comércio de materiais de construção. Assim, é quase certo que essa será a tônica das vendas em 2022: decréscimo no faturamento deflacionado, crescimento no faturamento inflacionado.
Logo, políticas para rentabilizar ao máximo os clientes e seus longos ciclos de compras, quando construindo, ampliando ou reformando, pode ser uma boa iniciativa para aumentar o faturamento real.
Segundo a Pesquisa 2 | 2021 da Fundação de Dados, que entrevistou 1.022 consumidores que realizaram obras/reformas residenciais, entre novembro de 2020 e outubro de 2021, 61,4% responderam que “não fiz tudo o queria fazer e ainda farei mais coisas quando possível.”
Ao que tudo indica, essa é uma percepção padrão, uma vez que, na onda anterior, Pesquisa 1 | 2021, realizada exatos seis meses antes, com outros 1.021 consumidores que realizaram obras/reformas residenciais entre maio de 2020 e abril de 2021, esse percentual foi de 62,3%.
Retomando a Pesquisa 2 | 2021, nos recortes por classes sociais, “não fiz tudo o queria fazer e ainda farei mais coisas quando possível” decresce na classe A, para 53,7%, e na classe B, para 53,6%, crescendo na classe C, para 65,7%.
Não investigamos as razões para essa interrupção ou insatisfação (faremos isso em 2022), mas, sejam quais forem, objetivas, como falta de dinheiro ou problemas com materiais ou mão de obra; ou subjetivas, como aquele gostinho de “quero mais” ou apenas aproveitar um embalo, ainda assim, há um evidente desejo latente de continuar melhorando o lar, que pode ser bem aproveitado pelo mercado.
Em tempo: na menção específica do tipo de obra mais desejada, troca de pisos e revestimentos para parede ocupa o primeiro lugar.