Neste mês, o teor das discussões variará dentro de um amplo leque de temas, a maior parte, enviesado e ruidoso, diferentemente da conjuntura quantificável emprego, renda (média e total) e confiança do consumidor, que, essencialmente, é o que nos interessa aqui, pois determina o desempenho do comércio de materiais de construção.
Vamos, então, ao que interessa.
Segundo a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), no trimestre móvel junho/julho/agosto de 2022, havia 99.013 milhões de pessoas ocupadas (trabalhando formal ou informalmente).
Dessa maneira, há 1.497 milhão de pessoas ocupadas a mais do que no trimestre móvel imediatamente anterior, março/abril/maio de 2022; e 7.288 milhões de pessoas ocupadas a mais do que no mesmo trimestre móvel de 2021.
Em termos de Taxa de desemprego, no trimestre móvel junho/julho/agosto de 2022 estava em 8,9%, ante 9,8%, no trimestre móvel imediatamente anterior, março/abril/maio de 2022; e 13,1%, no mesmo trimestre móvel de 2021.
Ainda segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativamente ao rendimento médio real das pessoas ocupadas (descontada a inflação), no comparativo trimestre móvel junho/julho/agosto de 2022 com o trimestre móvel imediatamente anterior, março/abril/maio de 2022, houve crescimento de 3,1%; e, no comparativo com o mesmo trimestre móvel de 2021, houve decréscimo de 0,6%.
Assim, o vigor do mercado de trabalho conjugado com a desaceleração da inflação, já ocasionou a recuperação do salário médio dos trabalhadores, no comparativo com o trimestre móvel imediatamente anterior, com evidente tendência de recuperação também, relativamente ao mesmo trimestre móvel de 2021.
A combinação do significativo aumento do contingente de pessoas trabalhando e recuperação da renda média, propiciou expressivo aumento dos recursos financeiros oriundos do trabalho no mercado de consumo.
No trimestre móvel junho/julho/agosto de 2022, a massa de rendimentos reais das pessoas ocupadas (descontada a inflação), estava em R$263,5 bilhões.
Dessa maneira, houve crescimento de R$11,9 bilhões na massa salarial real, no comparativo com o trimestre móvel imediatamente anterior, março/abril/maio de 2022; e de R$18,7 bilhões, no comparativo com o mesmo trimestre móvel de 2021 (em números arredondados).
Completando a conjuntura, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), em setembro de 2022, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) estava 13,7 pontos acima do mesmo mês de 2021; 5,6 pontos acima do mesmo mês de 2020, e, apenas 0,9 ponto abaixo de mesmo mês de 2019.
Assim, a confiança do consumidor nas próprias finanças e economia do País apresenta tendência de superação, inclusive, relativamente ao nível pré-pandemia.
Confiança em alta induz consumo; em baixa, reduz. Logo, tal conjuntura, incluindo as recuperações do mercado de trabalho e renda, permite concluir que no quarto trimestre de 2022 os consumidores estarão mais propensos a comprar bens e serviços.
Porém, após o boom de consumo de materiais de construção, e, consequentemente, lares já reformados, equipados e decorados, tal ganho deverá beneficiar, principalmente, os serviços oferecidos fora do lar (bares, restaurantes, hospedagens, transportes, atividades culturais, esportivas, recreativas etc.).
No entanto, essa mesma conjuntura francamente positiva, aliada à sazonalidade de vendas do segmento, com crescimento no quarto trimestre, possibilita um pouso suave no faturamento do comércio de materiais de construção, preparando-o para as elevadas incertezas dos cenários externo e interno, sendo o primeiro, principalmente sujeito à desaceleração do mercado internacional e conflitos na Europa, e, o último, às incertezas da eleição presidencial.