Com o fechamento dos dados anuais da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) é possível dimensionar os desempenhos da indústria brasileira em geral, de móveis, materiais de construção e cimento, a partir da crise de 2014 e nos últimos três atípicos anos, impactados pela pandemia e invasão da Ucrânia.
Segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no agregado dos comparativos “acumulado ano” de 2022 a 2014, a produção física industrial brasileira (quilos, toneladas, m², m³ etc.), está 16% abaixo do ano de 2013. Somente nos últimos três anos, no agregado dos comparativos “acumulado ano” de 2022 a 2020, está 1,5% abaixo do ano de 2019.
Assim, conforme ilustrado no gráfico acima, é perceptível que as perdas industriais brasileiras decorrem, de fato, muito mais das consequências das políticas econômicas anteriores ao meado do ano de 2016 (pré-impeachment de Dilma Rousseff), do que dos desajustes e rupturas dos últimos três anos.
A mesma lógica se aplica às indústrias de móveis, materiais de construção e cimento, como veremos a seguir.
Nos mesmos parâmetros comparativos, a produção física da indústria moveleira (móveis para o consumo final) está 44,7% abaixo do ano de 2013, e 23,1% abaixo do ano de 2019.
Especificamente em 2022, a produção moveleira apresentou seu pior desempenho da série histórica, provavelmente impulsionada pelo desaquecimento do consumo das famílias de produtos para o lar, após o boom dos anos anteriores.
Já, a produção física de materiais de construção (agregado IBGE de produtos identificados com a construção civil) está 27,2% abaixo do ano de 2013, e 0,4% acima do ano de 2019.
Por fim, a produção física de cimento (Portland, exceto branco) está 9,2% abaixo do ano de 2013, e 20,9% acima do ano de 2019.
Embora as produções também ainda se ressintam da crise de 2014, ambas apresentaram performances positivas no agregado dos últimos três anos, especialmente a indústria cimenteira.
Provavelmente, o desaquecimento do consumo interno das famílias foi compensado pelo boom de lançamentos de imóveis residenciais novos e suas consequentes execuções, além das agendas de concessões, privatizações e novos marcos regulatórios governamentais, estimulando os investimentos da iniciativa privada.
Idealmente, para esses setores industriais, seria fundamental o aprimoramento dessa conjuntura, aliado à estabilidade macroeconômica, com as contas públicas equilibradas e inflação controlada, ocasionando a redução dos juros do crédito ao consumo, que beneficiam, principalmente, os bens duráveis, como móveis e materiais de construção.
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