Essencialmente, lidar com informação é, antes de tudo, um exercício de redução, não de adição. O princípio é eliminar ruídos – aquilo que não presta na totalidade –, e vieses – aquilo que presta apenas para certos interesses.
Assim, a escolha de fontes confiáveis e recorrentes é fundamental para leituras assertivas. Confiáveis, pois não atendem demandas de quem as faz; recorrentes, pois cumprem rigorosamente periodicidades.
Sob esse aspecto, a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), cuja série histórica do comércio de materiais de construção iniciou em 2004, atende todos os requisitos necessários para leituras dos dados antecedentes, atuais e precedentes, esses últimos, em nossas projeções estatísticas e análises (método projetivo Holt-Winters sazonal).
Considerando a nova série histórica PMC do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados consolidados até o último mês de abril, em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado), projetamos para 2023 decréscimo de 0,7%, no faturamento do comércio de materiais de construção Brasil.
Para 2024, ainda em volume de vendas, projetamos crescimento de 0,8%, no faturamento do comércio de materiais de construção Brasil.
Agora, nominalmente (faturamento percebido/volume de vendas com inflação), projetamos para 2023 crescimento de 2,5%, no faturamento do comércio de materiais de construção Brasil.
Para 2024, ainda nominalmente, projetamos crescimento de 4,1%, no faturamento do comércio de materiais de construção Brasil.
Dessa maneira, reforçamos nossas leituras anteriores, com destaque (i) no pouso suave pós-boom de consumo, ocorrido em grande parte do triênio 2020/2021/2022; e (ii) com a desinflação, ocorrerá a desalavancagem do faturamento do comércio do segmento, aproximando resultados reais dos nominais.
Um outro aspecto que deve ser considerado nas análises, é que devido à volatilidade do último triênio, e consequentes distorções nos resultados usuais, são recomendáveis leituras inseridas em um maior intervalo de tempo.
Em volume de vendas, em dados consolidados, o comércio de materiais de construção cresceu 5,6%, no acumulado ano 2022 a 2020 (sobre o ano de 2019). Incluindo os dados projetados citados anteriormente, poderá crescer 4,9%, no acumulado ano 2023 a 2020, e crescer 5,7%, no acumulado ano 2024 a 2020 (ambos sobre o ano de 2019).
Nominalmente, em dados consolidados, o comércio de materiais de construção cresceu 52,7%, no acumulado ano 2022 a 2020 (sobre o ano de 2019). Incluindo os dados projetados citados anteriormente, poderá crescer 56,6%, no acumulado ano 2023 a 2020, e crescer 63%, no acumulado ano 2024 a 2020 (ambos sobre o ano de 2019).
Em outras palavras, apesar das bruscas alterações do período, incluindo, além da pandemia e invasão da Ucrânia, questões políticas internas com radical alternância de poder, o saldo do comércio de materiais de construção deverá ser significativamente positivo, ao final de 2024.
Tais números projetados serão alterados após os novos inputs de dados, o que ocorre mensalmente, à cada nova atualização da PMC.
No entanto, independentemente dessas alterações, as leituras e conclusões deverão permanecer em linha, com destaque (i) que 2023 é um ano de acomodação do faturamento do comércio do segmento (com oscilações e significativas diferenças por categorias), e depuração mercadológica; e (ii) retomada paulatina do crescimento em 2024, com inflação controlada, continuidade da redução da taxa básica de juros, com impactos mais significativos na oferta de crédito, redução da população inadimplente e conjuntura favorável emprego, renda e confiança do consumidor.
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