Credita-se ao ano de 2010 a realização da primeira Black Friday no Brasil.
Naquele ano, a Nova Matriz Econômica do então Ministro Guido Mantega estava decolando; iniciada em 2008, na segunda metade do governo Lula 2, e sendo aprofundada a partir do primeiro ano de sua sucessora, Dilma Rousseff.
Turbinado pela expansão fiscal e gastos públicos (que se provaram insustentáveis), o PIB brasileiro naquele ano cresceu 7,5%, sendo que somente o PIB do componente da demanda Consumo das famílias cresceu 6,2%, com o componente da demanda Importação de bens e serviços crescendo impressionantes 33,6%.
Enfim, com esses percentuais chineses fazia todo o sentido ter uma data a mais para o consumo, já que o Natal sozinho não daria mais conta.
Porém, no ano passado, se compararmos os desempenhos da área de atividade comercial Móveis e Eletrodomésticos com Material de Construção podemos nos perguntar se essa data ainda faz sentido para as vendas de bens aos lares das famílias.
Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado), a área de atividade comercial Móveis e Eletrodomésticos (magazines e formatos similares), no acumulado dos comparativos “mês anterior” de janeiro a dezembro de 2023 decresceu 2% (desempenho ano sobre dezembro de 2022).
Ao observar o gráfico abaixo, é notório que o desempenho da área de atividade foi significativamente positivo em novembro de 2023, com crescimento de 5,9%, seguido de brusca queda em dezembro, mês das vendas natalinas, em 7,7%, devolvendo os ganhos do mês anterior e comprometendo, inclusive, o resultado do ano.
Por ora, os dados mais recentes de 2024 da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam para três meses de desaceleração de vendas da atividade comercial Móveis e Eletrodomésticos: em julho, +1%; em agosto, -1,8%, e, em setembro, -2,9%.
Em 2023, será que os consumidores anteciparam as compras de Natal, aproveitando os descontos e prejudicando o desempenho e margens das vendas natalinas de móveis e eletrodomésticos?
E, em 2024, será que os consumidores estão adiando o consumo de móveis e eletrodomésticos a espera dos descontos de novembro?
Em área de atividade correlata, menos impactada pela Black Friday, o comportamento de 2023 e 2024 foi significativamente diferente.
Também em volume de vendas, a área de atividade comercial Material de Construção, no acumulado dos comparativos “mês anterior” de janeiro a dezembro de 2023 cresceu 0,5% (desempenho ano sobre dezembro de 2022).
Ao observar o gráfico, nota-se que as vendas do último trimestre de 2023 oscilaram, porém nada muito diferente dos meses anteriores, inclusive crescendo 0,8% na passagem de novembro para dezembro.
Por ora, os dados mais recentes de 2024 do IBGE, indicam para dois meses de aceleração de vendas da atividade comercial Material de Construção: em agosto, +0,4%, e, em setembro, +1,1%.
Baixar gráficos: artigo, inflação de matcons e móveis
Assim, o comércio de materiais de construção comporta-se como esperado: vendas ascendentes no terceiro trimestre.
Isso não quer dizer que a curva continuará embicando para cima até dezembro, mas, comparando com o comércio de móveis e eletrodomésticos, segue apresentando um desempenho mais favorável.
Sabemos que a Black Friday ou November têm relevância significativamente menor para as vendas de materiais de construção do que para as vendas de móveis e eletrodomésticos.
E isso, pode não ser uma má notícia.
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