A recém-divulgada Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) apresentou os resultados das vendas do comércio de materiais de construção (varejo e atacado, sem sobreposições para o consumidor final) no primeiro bimestre do ano, possibilitando, também, uma leitura do desempenho relativo ao pré-pandemia e tendências.
Antes, é sempre bom ressaltar que nas pesquisas do IBGE, desempenho em volume de vendas é nominal deflacionado a partir dos relativos de preços do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI). Logo, numa linguagem coloquial, podemos falar de faturamento real. Por outro lado, desempenho nominal é faturamento em volume de vendas com inflação corrente, logo, numa linguagem coloquial, podemos falar de faturamento percebido.
Relativamente ao pré-pandemia, no acumulado comparativos “mês anterior”, o faturamento do comércio do segmento cresceu 8,6%, em volume de vendas, e 50%, nominalmente (sobre fevereiro de 2020). Assim, tanto com inflação, como deflacionando, as vendas de materiais de construção permanecem positivas.
Porém, ainda no gráfico anterior, é possível perceber que apenas no acumulado comparativos “mês anterior” dos últimos três meses, o faturamento do comércio do segmento decresceu 2,3%, em volume de vendas, e cresceu 1,7%, nominalmente (sobre novembro de 2021). Assim, considerando apenas esse período, o desempenho positivo reflete os efeitos da inflação nas vendas.
Por fim, no comparativo acumulado ano primeiro bimestre de 2022 com acumulado ano primeiro bimestre de 2021, é perceptível que os dois segmentos com maiores quedas em volume de vendas, são, justamente, relacionados aos produtos para o lar: comércio de materiais de construção, com -8%, e comércio de móveis e eletrodomésticos (magazines), com -11,9%, sendo que este último, mesmo com inflação, apresenta resultado negativo de 0,2%.
A conjuntura “fique em casa” e auxílio emergencial, aliada às boas práticas do comércio de materiais de construção, foram as principais responsáveis pelos resultados positivos, relativamente ao pré-pandemia. Dessa conjuntura, permanecem as boas práticas, que devem ser identificadas, aprimoradas e expandidas, para garantir desempenhos ainda favoráveis para o comércio do segmento nos próximos meses.
Embora o faturamento nominal, percebido nos fechamentos comerciais, permaneça positivo, não se pode deixar de considerar os efeitos distorcivos da inflação nessas análises.
Ao não se deixar iludir por essas distorções, reforça-se o empenho das equipes comerciais das boas práticas, do período no qual o crescimento ocorria independentemente da alta dos preços.