A SEGUNDA ONDA DA INFLAÇÃO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

Já que a inflação ficará entre nós por mais um bom tempo, vamos, didaticamente, conhecer o método dos dados oficiais, para em seguida, avançarmos na leitura dos dados acumulado 2021/2020 e primeiro quadrimestre de 2022, das principais categorias do segmento de materiais de construção.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) produz contínua e sistematicamente o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, que tem por objetivo medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias.

Esse índice de preços tem como unidade de coleta estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionária de serviços públicos e internet, e sua coleta estende-se, em geral, do dia 01 a 30 do mês de referência.

A população-objetivo do IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, residentes nas seguintes áreas urbanas: regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

Apresentado o método, é notório que o IPCA reflete, principalmente, pesquisas de preços realizadas em centros urbanos. Logo, há tendência de preços ainda mais elevados em áreas mais afastadas, devido aos custos de transporte.

Assim, antes de entrarmos na inflação dos materiais de construção do primeiro quadrimestre de 2022, vamos consolidar o acumulado inflacionário 2021/2020, quando o dragão da inflação voltou a queimar o poder de compra dos consumidores.

Nesse atípico e volátil período, a inflação geral foi de 15%, enquanto a inflação do item Reparos (nomenclatura IBGE para o agregado dos subitens de materiais de construção) foi de 15,5%, puxada, principalmente, por Material hidráulico, com 45,5%, Revestimento piso e parede, com 37,5%, e por Ferragens, com 30,1% (o IBGE não divulga dados por produtos, mas sim, categorias).

Portanto, na primeira onda inflacionária, a categoria Material Hidráulico foi a vilã da inflação do segmento.

Por fim, nos dados mais recentes, relativos ao primeiro quadrimestre de 2022, a inflação geral foi de 4,29% (ante 2,37%, no mesmo período de 2021), enquanto a inflação do item Reparos foi de 3,47% (ante 2,84%, no mesmo período de 2021), puxada, principalmente, por Tinta, com 7,82%, Material hidráulico, com 6,84%, e por Revestimento piso e parede, com 4,98%.

Assim, relativamente ao período, tanto a inflação geral, como a do item Reparos, apresentam um comportamento de alta mais agressivo atualmente do que em 2021.

Se tivéssemos de dar um nome para a primeira onda inflacionária seria Covid-19.  E para a segunda (predominantemente de oferta), uma combinação de invasão da Ucrânia e medidas de isolamento social na China.

Newton Guimarães - Pesquisador

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