VENDAS DE MÓVEIS E ELETROS REAGEM, MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO DESACELERAM

A mais recente Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) indicou, no comércio de materiais de construção, decréscimo de 2%, em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado), e de 0,8%, nominalmente (faturamento percebido/volume de vendas com inflação), na passagem de março para abril de 2022.

No mesmo período comparativo, em outra área de atividade comercial de produtos para o lar, o comércio de móveis e eletrodomésticos (magazines e formatos similares) houve crescimento de 2,3%, em volume de vendas, e de 4,2%, nominalmente, o melhor desempenho do Varejo Ampliado (agregado das dez áreas de atividades comerciais brasileiras), no qual houve crescimento de 0,7%, em volume de vendas, e de 1,3%, nominalmente.

É paradoxal que duas áreas comerciais de produtos para o lar apresentem comportamentos radicalmente opostos: enquanto o comércio de materiais de construção foi aquele que mais puxou para baixo as vendas do comércio brasileiro, o comércio de móveis e eletrodomésticos foi aquele que mais as puxou para cima.

Ainda assim, apenas em volume de vendas, ou seja, em faturamento real, no acumulado comparativos “mês anterior” de março de 2020 a abril de 2022, o comércio de materiais de construção está 9,1% acima do pré-pandemia (sobre fevereiro de 2020).

Porém, nos últimos três meses, no acumulado comparativos “mês anterior” está positivo em 0,3% (sobre janeiro de 2022), ante +1,8%, no comparativo anterior (sobre dezembro de 2021), caracterizando, nesse período, a desaceleração das vendas.

Por outro lado, apenas em volume de vendas, ou seja, em faturamento real, no acumulado comparativos “mês anterior” de março de 2020 a abril de 2022, o comércio de móveis e eletrodomésticos está 10,6% abaixo do pré-pandemia (sobre fevereiro de 2020).

Porém, nos últimos três meses, no acumulado comparativos “mês anterior” está positivo em 5,5% (sobre janeiro de 2022), ante +2%, no comparativo anterior (sobre dezembro de 2021), caracterizando, nesse período, a aceleração das vendas.

É possível que os magazines estejam recuperando o desempenho negativo, relativamente ao pré-pandemia, enquanto o comércio de materiais de construção, cuja base comparativa está mais elevada, comece a sentir, de maneira contundente, os efeitos da conjuntura macroeconômica dúbia: há significativa melhora na empregabilidade e na massa salarial dos trabalhadores no mercado de consumo, porém, contrabalanceada pela inflação elevada, encarecimento do crédito e queda da confiança do consumidor na economia e própria capacidade financeira. Dados relativos à inadimplência também são dúbios, oscilando, dependendo do período, fonte de pesquisa e renda dos entrevistados.

Daí, a importância das empresas diversificarem a oferta de produtos para o lar, pois, assim como os dados macroeconômicos estão irregulares (simultaneamente, há boas e más perspectivas de desempenhos), o mesmo ocorre com esses produtos: simultaneamente, há boas e más perspectivas de vendas.

Newton Guimarães - Pesquisador

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