EFEITOS COMERCIAIS DA TRANSIÇÃO “FIQUE EM CASA” PARA “SAIA DE CASA”

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) recém-divulgou a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) e a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), possibilitando a comparação dos desempenhos de vendas de produtos e serviços associados à vida das famílias dentro e fora do lar.

Apenas em volume de vendas, ou seja, faturamento real (deflacionado), segundo a PMC, no acumulado dos comparativos “mês anterior”, de março de 2020 a maio de 2022, o faturamento do comércio de materiais de construção Brasil está 7,3% acima do pré-pandemia (sobre fevereiro de 2020).

Considerando o agregado de 2022, no acumulado dos comparativos “mês anterior”,  janeiro a maio de 2022 (sobre dezembro de 2021), houve decréscimo de 1,7%. Somente no comparativo maio com abril, o decréscimo foi de 1,1%.

Já, também no acumulado dos comparativos “mês anterior”, de março de 2020 a maio de 2022, o faturamento do comércio de móveis e eletrodomésticos Brasil (magazines e formatos similares) está 13,7% abaixo do pré-pandemia (sobre fevereiro de 2020).

Considerando o agregado de 2022, no acumulado dos comparativos “mês anterior”,  janeiro a maio de 2022 (sobre dezembro de 2021), houve crescimento de 0,8%. Somente no comparativo maio com abril, o decréscimo foi de 3%.

Dessa maneira, nessa métrica, relativamente ao pré-pandemia, as vendas do comércio de materiais de construção estão positivas, e dos magazines, negativas. Por outro lado, no ano vigente, as vendas dos magazines estão positivas, e do comércio de materiais de construção, negativas. Em ambos tipos de canais, houve redução de vendas na passagem de abril para maio: -1,1%, em materiais de construção, e, -3%, em móveis e eletrodomésticos.

Por fim, segundo a PMS, também em faturamento real (deflacionado), no acumulado dos comparativos “mês anterior”, de março de 2020 a maio de 2022, o faturamento das vendas de serviços prestados às famílias (independentemente do tipo de canal), está 7,1% abaixo do pré-pandemia (sobre fevereiro de 2020).

Considerando o agregado de 2022, no acumulado dos comparativos “mês anterior”,  janeiro a maio de 2022 (sobre dezembro de 2021), houve crescimento de 6,9%. Somente no comparativo maio com abril, o crescimento foi de 1,9%.

Nesse setor, há um importante peso de serviços adquiridos fora do lar, como bares, restaurantes, hotéis, cabelereiros, serviços estéticos diversos, atividades esportivas, artísticas, culturais, entre outras, e, de maneira oposta aos dois tipos de canais dedicados aos produtos para o lar, apresenta tendência contundente de crescimento, indicando, inclusive, para recuperação das perdas ocorridas durante a pandemia.

Assim, mesmo com o aumento do nível de emprego e da massa salarial real no mercado de consumo, além de estímulos do governo à economia, como os saques extraordinários do FGTS, há sinais de um deslocamento das atenções e gastos das famílias dos produtos para o lar, para os diversos serviços oferecidos fora do lar.

Newton Guimarães - Pesquisador

Parceiros Atendidos