Os mais recentes dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) evidenciam o bom desempenho do comércio de materiais de construção Brasil (vendas físicas e digitais), durante a pandemia.
Segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado dos comparativos “mês anterior” de março de 2020 a setembro de 2022, houve crescimento de 2,1%, no faturamento em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado), relativamente ao pré-pandemia (fevereiro de 2020).
Já, nominalmente (faturamento percebido/volume de vendas com inflação), no acumulado dos comparativos “mês anterior” de março de 2020 a setembro de 2022, houve crescimento de 49,2%, relativamente ao pré-pandemia (fevereiro de 2020).
Porém, desde julho de 2021, o comércio de materiais de construção reverteu a tendência de crescimento, adotando trajetória irregular com viés de baixa.
Assim, apenas no acumulado dos comparativos “mês anterior” de janeiro a setembro de 2022, houve decréscimo de 6,8%, no faturamento em volume de vendas, e crescimento de 1%, no faturamento nominal (desempenho ano, sobre dezembro de 2021).
Logo, é notório que o comércio do segmento conseguiu repassar preços e crescer num ambiente inflacionário, e assim permaneceu até setembro do ano vigente. Deflacionando os resultados, ainda que permaneça acima do pré-pandemia, é evidente a desaceleração no ano vigente.
Em outra perspectiva comparativa, acumulado ano setembro de 2022 com acumulado ano setembro de 2021, no comércio de materiais de construção Brasil houve decréscimo de 8,1%, no faturamento em volume de vendas, e crescimento de 4,2%, no faturamento nominal.
Embora essa comparação carregue vieses do efeito base, consolida, contundentemente, a tendência da elaboração anterior: crescimento do comércio de materiais de construção no faturamento nominal, mas, significativamente menor – ou negativo – no faturamento real.
Porém, também é certo que parte da musculatura adquirida nos desempenhos anuais durante a pandemia, amortecerá a queda real no ano vigente.
No acumulado biênio pandêmico 2021/2020, o comércio de materiais de construção cresceu 15,7%, no faturamento em volume de vendas; e 49,2%, no faturamento nominal (sobre o ano de 2019).
Após uma bolha de consumo, como a que ocorreu no comércio de materiais de construção, no limite, há duas situações possíveis: na pior das hipóteses, estouro repentino; na melhor, redução paulatina.
A segunda hipótese, que também pode ser denominada “pouso suave pós-boom de consumo”, proporciona tempo suficiente para ajustar processos e políticas comerciais, adequando os negócios às novas realidades econômicas e mercadológicas.