MERCADO DE TRABALHO DA CONSTRUÇÃO E REFORMA DESACELERA

A importância dos serviços para o segmento de materiais de construção é tal, que, muitas vezes, os gastos para contratações da mão de obra ultrapassam os gastos com os próprios materiais para obras/reformas residenciais.

Como se não bastasse, esses prestadores de serviços têm uma capacidade sem igual, em quaisquer outros segmentos de mercado, de influenciar as compras de produtos, marcas, e, também, das lojas que serão utilizadas pelos consumidores.

Sendo assim, conhecer esses profissionais, em sua maioria informais, é, de certa maneira, entender o comportamento do próprio mercado.

Segundo a mais recente Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (PNADC), no trimestre móvel dezembro/janeiro/fevereiro de 2023, havia 7.224 milhões de pessoas ocupadas na atividade Construção (trabalhadores formais ou informais, em construções diversas, como infraestrutura, edificações residenciais, comerciais, além de reformas, manutenções correntes, complementações e alterações de imóveis).

Dessa maneira, há 159 mil trabalhadores a menos do que no trimestre móvel anterior, setembro/outubro/novembro de 2022 (também efeito da sazonalidade dos ajustes de início de ano no emprego), e 5 mil a menos, do que no mesmo trimestre móvel de 2022.

Assim, podemos concluir de imediato três pontos: 1) a contratação de mão de obra, assim como as contratações em geral, apresenta tendência de desaceleração; 2) esse contingente de 7.224 milhões representa 7,4% do total de pessoas ocupadas (trabalhadores formais ou informais); 3) ao cruzarmos esse contingente com dados do Ministério do Trabalho e Previdência, é possível estimar que a mão de obra na atividade, sem registro em carteira de trabalho, chega a 65,7% do total.

E, esse batalhão de informais está, com destaque para os pedreiros, principalmente, dentro dos lares dos consumidores, quando construindo/reformando/ampliando, uma vez que a quase totalidade dos formais atua junto às construtoras, em edificações diversas e obras de infraestrutura.

Segundo a Pesquisa 2 | 2022, realizada em novembro de 2022, na qual entrevistamos 1.020 consumidores de materiais de construção que realizaram obras/reformas residenciais, predominantemente, entre novembro de 2021 e outubro de 2022, 78,6% desses consumidores contrataram pedreiros. Em seguida surgem os pintores, com 51,6%, e os eletricistas, com 36%.

Essa ordem dos três principais é um padrão comportamental, desde as primeiras pesquisas de 2014, sendo que em termos absolutos os pedreiros são os principais influenciadores do mercado. Já em termos relativos, destaque para os pintores.

A elevada informalidade traz um paradoxo para o mercado: treinar e estimular pessoas que vivem à margem da cidadania, a utilizarem e recomendarem os melhores produtos e marcas.

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Newton Guimarães - Pesquisador

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