COMÉRCIO DA CONSTRUÇÃO SE FORTALECE, ENQUANTO MAGAZINES ENFRAQUECEM

Sem comparação há informação, mas não, conhecimento.

Em nossa interpretação dos trabalhos do matemático e filósofo Nassim Nicholas Taleb, períodos extremamente voláteis são ricos em informações; e negócios que não são frágeis (antifrágeis) tiram melhor proveito – ou se fortalecem – desses períodos.

Então, nos apropriando dos conceitos acima, e apoiados em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vamos comparar os desempenhos do comércio Material de Construção (agregando home-centers/Lojas grandes, Lojas de bairro médias e pequenas, Lojas especializadas e atacados para consumidor) e do comércio Móveis e Eletrodomésticos (como Magazine Luiza, Casas Bahia, Lojas Cem, Ponto, Lojas Colombo, Novo Mundo e formatos semelhantes), relativamente ao pré-pandemia.

Como falamos de dados nacionais, segundo nos informou o próprio IBGE, falamos do agregado das vendas físicas e digitais.

Segundo a mais recente Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), no acumulado dos comparativos “mês anterior” de fevereiro de 2023 a março de 2020, o faturamento em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado) do comércio de móveis e eletrodomésticos decresceu 13,9%, relativamente a fevereiro de 2020 (pré-pandemia).

Já, no mesmo período comparativo, o faturamento em volume de vendas do comércio de materiais de construção cresceu 3,9%, relativamente a fevereiro de 2020.

Dessa maneira, em termos reais, o comércio de materiais de construção está positivo, relativamente ao pré-pandemia, enquanto o comércio de móveis e eletrodomésticos está negativo.

Quando lançamos a respectiva inflação do período nos faturamentos, o primeiro se distancia ainda mais do segundo.

No mesmo período comparativo, o faturamento nominal (faturamento percebido/volume de vendas com inflação) do comércio de móveis e eletrodomésticos cresceu 10%, relativamente a fevereiro de 2020.

Já, no mesmo período comparativo, o faturamento nominal do comércio de materiais de construção cresceu 53,2%, relativamente a fevereiro de 2020.

Dessa maneira, é notório que o comércio de materiais de construção conseguiu repassar o aumento dos preços dos produtos significativamente acima, do que o comércio de móveis e eletrodomésticos.

Em 2023, não é de se esperar um ano fácil para o varejo, em especial de bens de consumo duráveis, com a já certa desaceleração de vendas, em um ano no qual o crescimento econômico será sacrificado em nome do controle da inflação.

Mesmo assim, o comércio de materiais de construção demonstra mais musculatura e capacidade de se aproveitar das adversidades, do que o comércio de móveis e eletrodomésticos.

As razões podem ser muitas, desde as configurações das próprias operações até aspectos sociais e comportamentais dos consumidores.

Entendê-las pode ajudar ambos formatos comerciais: um, a permanecer antifrágil, outro, a deixar de ser frágil ou apenas robusto (resiliente).

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Newton Guimarães - Pesquisador

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