O POUSO DAS VENDAS DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

Os dados de ontem da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) corroboram a desaceleração das vendas de materiais de construção, porém em pouso suave pós-boom de consumo, com hipotéticas melhores perspectivas para determinadas categorias.

Segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no comércio de materiais de construção, no acumulado dos comparativos “mês anterior” de março de 2023 a março de 2020, houve crescimento, em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado), de 4,1%, sobre o pré-pandemia (fevereiro de 2020).

Porém, no acumulado dos comparativos “mês anterior” de dezembro a janeiro de 2022, houve decréscimo de 6,2% (resultado ano – sobre dezembro de 2021). Por fim, no acumulado dos comparativos “mês anterior” de março a janeiro de 2023, houve crescimento de 1% (resultado parcial ano – sobre dezembro de 2022).

Assim, no faturamento real, o comércio de materiais de construção permanece acima do pré-pandemia, perdendo musculatura em 2022, e, por ora, ao término do primeiro trimestre de 2023, recuperando-a parcialmente.

Agora nominalmente (faturamento percebido/volume de vendas inflacionado), no acumulado dos comparativos “mês anterior” de março de 2023 a março de 2020, houve crescimento de 51,4%, sobre o pré-pandemia (fevereiro de 2020).

Já no acumulado dos comparativos “mês anterior” de dezembro a janeiro de 2022, houve crescimento de 1,6% (resultado ano – sobre dezembro de 2021). Por fim, no acumulado dos comparativos “mês anterior” de março a janeiro de 2023, houve crescimento de 1% (resultado parcial ano – sobre dezembro de 2022).

É interessante notar que, como consequência da desaceleração da inflação de materiais de construção, incluindo deflação em diversas categorias, os desempenhos em volume de vendas e nominal, no primeiro trimestre de 2023, estão rigorosamente iguais, com crescimento de 1%.

No entanto, dados anteriores, principalmente de 2021 e meado de 2022, quando os preços dos materiais de construção explodiram, alavancaram os resultados de vendas relativamente ao pré-pandemia, com expressivo crescimento nominal de 51,4%.

Assim, podemos concluir que essa alavancagem deixará de existir em 2023, aproximando os faturamentos nominais dos reais.

Por fim, arriscaríamos levantar a hipótese de que, as categorias mais associadas ao mercado de reparos, manutenção e melhorias domésticas poderão se sair melhor, no ano vigente, do que as categorias mais associadas às reformas, ampliações e construções residenciais, dependentes de crédito para consumo, diante do aumento da população negativada para sua concessão (fortemente puxado pelos consumidores de menor poder aquisitivo), encarecimento do custo do crédito, elevação do desemprego, perspectivas de baixo crescimento do PIB (exceto setor agropecuário) e elevadas incertezas econômicas.

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Newton Guimarães - Pesquisador

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