Até quando vai a desaceleração de materiais de construção?

Diferentemente do senso comum, estudar a história e compreender bem determinado assunto, não causa acurácia preditiva. No entanto, pode causar acurácia analítica, o que já é em si, um ganho.

Feito esse adendo, então, analisemos uma determinada série histórica da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) – Material de Construção, combinando-a com a leitura de dados conjunturais macroeconômicos e seus possíveis desdobramentos nas vendas do segmento.

Na mais recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nominalmente (faturamento percebido/volume de vendas com inflação), no acumulado comparativos “mês anterior” de maio de 2023 a março de 2020, o comércio de materiais de construção Brasil cresceu 47,2% (sobre fevereiro de 2020 – pré-pandemia).

Porém os resultados nominais do segmento vêm desacelerando, devido ao decréscimo das vendas reais (faturamento em volume de vendas/nominal deflacionado) e da desinflação, ou mesmo, deflação de inúmeras categorias de materiais de construção.

Assim, somente no acumulado comparativos “mês anterior” dos últimos quatro meses da pesquisa (maio a fevereiro de 2023), houve decréscimo de 5% (sobre janeiro de 2023).

O comércio de materiais de construção se ressente do refluxo do boom de vendas dos anos anteriores, com redirecionamento dos gastos das famílias para os inúmeros serviços fora do lar, como viagens, hospedagens, alimentação, atividades culturais, esportivas, recreativas etc.

Ainda assim, mantém-se significativamente positivo, relativamente ao pré-pandemia, com desempenhos melhores ou piores, dependendo do formato do canal de venda, categoria de produto e gestão do negócio.

Positivamente, a conjuntura emprego, renda e confiança do consumidor é favorável para as vendas de bens, que somada à desinflação da economia, início do ciclo de redução da taxa básica de juros, programa governamental para reabilitar o crédito dos inadimplentes, e crescente injeção na economia de recursos financeiros de programas assistenciais, tem potencial de contribuir para o reequilíbrio das vendas, com provável discreta retomada nos próximos meses.

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Newton Guimarães - Pesquisador

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