Materiais de construção além da conjuntura emprego-renda-confiança-crédito

Historicamente, as vendas de bens de consumo duráveis, como materiais de construção, sempre foram predominantemente influenciadas pela conjuntura emprego, renda e confiança do consumidor.

Recentemente, adicionou-se à conjuntura o componente crédito, devido à elevada taxa básica de juros, concomitantemente ao expressivo aumento da população endividada e inadimplente.

Porém, quando serão incorporados, em mesmo grau de importância, aspectos comportamentais que permeiam, estruturalmente, leituras conjunturais macroeconômicas?

O mercado de materiais de construção, muitas vezes, não considera que cada caminhão de pedra e areia carrega, também, uma história de vida para famílias que estão construindo ou reformando.

A cada seis meses a Fundação de Dados realiza pesquisas com mais de 1.020 diferentes consumidores de materiais de construção, que, em comum, fizeram obras/reformas residenciais no período dos 12 últimos meses, visando, assim, manter por meio de um painel o acompanhamento da jornada de compra das famílias.

Desse maneira, verificamos oscilações e padrões comportamentais. Ou, em outras palavras, hábitos a atitudes que estabilizaram, se desenvolveram ou retraíram ao longo do tempo.

Recentemente fechamos a Pesquisa 1 |2023 (realizada em maio de 2023), podendo, assim, comparar com os resultados da Pesquisa 1 |2022 (realizada em maio de 2022) e Pesquisa 1 | 2021 (realizada em maio de 2021). Na média das três ondas da pesquisa, 57,4% já moravam no imóvel e decidiram melhorá-lo.

Esse é o perfil predominante, o que implica em um forte componente de memória afetiva dos consumidores, na sua relação com o lar que está sendo reformado.

Logo, para o varejo e indústria de materiais de construção associar, cada vez mais, o processo de compra e produtos aos bons momentos passados com familiares e amigos, tem potencial para estimular o consumo de materiais de construção.

Por fim, retomando os termos conjunturais econômicos, também é relevante o desempenho de vendas do mercado imobiliário. Do total de consumidores, 11,7% realizaram obras/reformas em um imóvel usado recém-comprado, enquanto 9,2%, em um imóvel novo recém-comprado.

Para esse perfil, não há memórias de momentos passados com familiares e amigos nesse lar, mas, certamente, há expectativas de momentos que serão passados com familiares e amigos nesse lar.

Enfim, em qualquer tempo é acertado conjugar materiais de construção com bons momentos e sentimentos associados ao lar.

Em novembro próximo, iniciaremos uma nova pesquisa com outros 1.020 consumidores que realizaram obras/reformas residenciais. Empresas interessadas em inserir entendimentos próprios e exclusivos poderão nos contatar por meio do portal ou LinkedIn.

Newton Guimarães - Pesquisador

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