Vendas de eletrodomésticos reagem melhor do que móveis e materiais de construção

Mais importante do que os números em si, são as curvas de tendências por eles constituídas.

Disso decorre a importância do monitoramento sistemático de pesquisas periódicas, e não o acesso aleatório a pesquisas eventuais, muitas vezes pinçadas no Google ou em grupos de WhatsApp, apenas para corroborar argumentos próprios pré-concebidos.

Assim, nos apoiaremos na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), cuja série histórica nacional iniciou em 2000, já com a área de atividade comercial Móveis e Eletrodomésticos (magazines/lojas de departamento, como Magazine Luiza, Lojas Cem, Ponto, Casas Bahia, Lojas Colombo, Novo Mundo etc.), adicionando, em 2003, o Varejo Ampliado, incluindo Material de Construção (home-centers, lojas de bairro, grandes, médias, especializadas, atacado etc.).

No comércio Móveis e Eletrodomésticos, relativamente às vendas de eletrodomésticos, nos últimos doze meses anteriores, houve crescimento, em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado), de 3,2%, em junho, ante crescimento de 1,4%, em maio, décima segunda melhora consecutiva. Já nominalmente (faturamento percebido/volume de vendas inflacionado), houve crescimento de 5,4%, em junho, ante crescimento de 5%, em maio, segunda melhora consecutiva.

Assim, é significativo que as vendas de eletrodomésticos no canal estejam positivas, em faturamento real, pelo segundo mês consecutivo, em curva ascendente para o segundo semestre, com evidente maior crescimento no faturamento com inflação.

Também no comércio Móveis e Eletrodomésticos, relativamente às vendas de móveis, nos últimos doze meses anteriores, houve decréscimo, em volume de vendas, de 11,5%, em junho, ante decréscimo de 12,4%, em maio. Já nominalmente, houve decréscimo de 0,4%, em junho, ante decréscimo de 0,7%, em maio.

Embora tanto o desempenho em volume de vendas, como nominal, tenham melhorado na passagem de maio para junho, ainda assim, ambos seguem negativos, sem possibilidade de crescimento no faturamento real, tendendo, apenas, à possibilidade de crescimento no faturamento com inflação, no segundo semestre.

Por fim, no comércio Material de Construção, relativamente às vendas de materiais de construção, nos últimos doze meses anteriores, houve decréscimo, em volume de vendas, de 7%, em junho, ante decréscimo de 7,8%, em maio, terceira melhora consecutiva. Já nominalmente, houve decréscimo de 0,4%, em junho, ante decréscimo de 0,3%, em maio, quinta piora consecutiva.

O desempenho em volume de vendas embica para cima, embora o desempenho nominal embique para baixo, devido ao forte processo desinflacionário no comércio de materiais de construção. Para o segundo semestre há perspectivas de continuidade da melhora do faturamento real, com fortes possibilidades de crescimento no faturamento com inflação.

As vendas de eletrodomésticos, dentro do canal magazine, apresentam perspectivas melhores para o final do ano, com materiais de construção esboçando discreta recuperação, e móveis preocupando, por mais um ano (dentro do canal magazine).

De qualquer maneira, independentemente dos desempenhos setoriais, as vendas de bens de consumo duráveis se beneficiarão, como um todo, principalmente: (1) da conjuntura positiva emprego-renda-confiança do consumidor; (2) redução da taxa básica de juros, com impacto, a curto prazo, maior na confiança do que na acessibilidade ao crédito; (3) desinflação da economia; (4) redução da população inadimplente, devido ao Programa Desenrola; (5) injeção de recursos financeiros dos programas sociais na economia; e (6) sazonalidade positiva de vendas, uma vez que as atenções das famílias se voltam para os lares, devido às festas de final de ano.

A partir da próxima semana iniciaremos as leituras dos novos dados do Painel Comportamental de Consumo de Materiais de Construção 2023. Ao seguir e ativar o sininho da LinkedIn Company Page Fundação de Dados você receberá notificações sobre os novos artigos.

Newton Guimarães - Pesquisador

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