O maior apelo do mercado de obras residenciais é a memória afetiva dos consumidores

Como método, indução parte de muitos particulares para compreensão do todo. Aqui, os muitos particulares dizem respeito ao comportamento do consumidor de materiais de construção. Ou, microeconomia. Já o todo, diz respeito à conjuntura econômica onde se inserem essas particularidades. Ou, macroeconomia.

Assim, esta série de artigos analisa hábitos e atitudes dos consumidores de materiais de construção, dando sequência ao artigo Desestimular parcelamento no cartão é desestimular reformas residenciais, tendo como base três ondas anuais do Painel Comportamental de Consumo de Materiais de Construção 2021, 2022 e 2023 (informações das amostras no final).

O perfil predominante das obras residenciais, na média das três pesquisas, com 57,4%, é “já morávamos no imóvel e decidimos melhorá-lo”. Assim, no processo de compra, há um forte componente de memória afetiva, pois as obras são realizadas em ambientes nos quais, familiares e amigos conviveram anteriormente.

Mas, certamente, tanto nesse, como nos outros perfis, há também uma componente de esperança, relativamente aos momentos nos quais familiares e amigos conviverão futuramente.

Ainda na média das três pesquisas, “construímos do zero” surge distante, como segundo perfil dos consumidores de materiais de construção para obras residenciais, com 14,2%.

Por fim, na média das três pesquisas, são também relevantes: “compramos usado de outro proprietário e o melhoramos antes de mudar”, com 11,7%, e, “compramos novo da construtora/construtor e o melhoramos antes de mudar”, com 9,2%.

Se somarmos ambos os perfis, podemos afirmar que 20,9% do contingente de consumidores que faz obras residenciais, recém-adquiriram os imóveis. Em outras palavras, quando o mercado imobiliário está aquecido, tanto para vendas de imóveis novos, como usados, o comércio de materiais de construção é beneficiado.

O ambiente macroeconômico é favorável para vendas de bens duráveis, como materiais de construção e móveis, devido, principalmente: (1) conjuntura positiva emprego-renda-confiança do consumidor; (2) redução da taxa básica de juros, porém com impacto, a curto prazo, maior na confiança do que no barateamento do crédito; (3) desinflação da economia; (4) redução da população inadimplente, devido ao Programa Desenrola Brasil; (5) injeção de recursos financeiros dos programas sociais na economia; e (6) sazonalidade positiva de vendas, uma vez que as atenções das famílias se voltam para os lares, devido às festas de final de ano.

Porém essa é a visão do todo, que melhor será aproveitado pelas empresas que compreendem as particularidades do consumo, como os aspectos sentimentais que transcendem a mera compra de materiais de construção.

A Fundação de Dados iniciará uma nova pesquisa com 1.020 consumidores de materiais de construção. Estamos à disposição de empresas interessadas em inserir entendimentos exclusivos sobre suas marcas e produtos e acessar, também, os demais materiais gerados.

Método: pesquisas realizadas em maio do respectivo ano, considerando consumidores de materiais de construção das classes A/B/C, nas regiões Sudeste, Sul, Nordeste e Centro-Oeste, nas últimas três ondas: Pesquisa 1 | 2021 (1.021 consumidores de materiais de construção, que reformaram/ampliaram/construíram seus lares, predominantemente, entre maio de 2020 e abril de 2021); Pesquisa 1 | 2022 (1.022 consumidores de materiais de construção, que reformaram/ampliaram/construíram seus lares, predominantemente, entre maio de 2021 e abril de 2022), e Pesquisa 1 | 2023 (1.021 consumidores de materiais de construção, que reformaram/ampliaram/construíram seus lares, predominantemente, entre maio de 2022 e abril de 2023).

Newton Guimarães - Pesquisador

Parceiros Atendidos