Ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou os resultados das vendas de materiais de construção de 2023, reforçando a leitura de fim de um ciclo de ajustes comerciais (vendas e preços) pós-elevada volatilidade do triênio 2020 a 2022.
Justamente por essa elevada volatidade, é também correto elaborar a leitura considerando o acumulado de 2020 a 2023, em suma: pandemia, guerra e ajustes. Também, dessa maneira, contrabalanceia-se rupturas, picos, desacelerações e retomada da normalidade das vendas.
Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), no acumulado quadriênio 2020 a 2023, as vendas do comércio Material de Construção cresceram 3,6%, em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado), em relação ao ano de 2019 (pré-pandemia).
Já nominalmente (faturamento percebido/volume de vendas inflacionado), no mesmo período, as vendas do comércio Material de Construção cresceram 52,9%, em relação ao ano de 2019 (pré-pandemia).
Nesse quadriênio, o comércio de materiais de construção conseguiu repassar a alta dos preços para o consumidor, com crescimento nominal acumulado de quase 53%. Esse fato, em si, já é positivo, mas torna-se ainda melhor se considerarmos o crescimento real, ou seja, acima da elevada inflação do período, de 3,6%.
No entanto, esse é o resultado geral Brasil, uma espécie de régua para comparação com os próprios desempenhos, notoriamente não uniformes no mesmo período.
Por exemplo, há indústrias e varejistas em situações mais preocupantes, após um alívio durante o boom de vendas e preços, na fase de consumo “fique em casa”. No entanto, esse período apenas mascarou eventuais problemas anteriores de gestão, expostos cruelmente a partir da retração de vendas, iniciada em meados de 2022, na fase de consumo “saia de casa”.
Entre “fique e saia de casa” há uma economia surpreendendo positivamente, não só em termos de emprego, renda e PIB, mas, também, em outro item tão importante quanto: controle da inflação.
Dessa maneira, é muito possível em 2024 a retomada do crescimento real de vendas do comércio de materiais de construção brasileiro (após dois anos negativos), mesmo que discreto e com alguma margem a mais nominalmente, porém não ao ponto de distorcer faturamentos, assim como já ocorreu em 2023.
E, justamente isso, poderá ser uma das razões da continuidade da depuração mercadológica, com a saída do jogo de empresas mais fragilizadas, e com consequente fortalecimento do segmento de materiais de construção.
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