A nefasta Black Friday para móveis, eletros e materiais de construção

Credita-se o início da Black Friday em terras brasileiras ao ano de 2010, quando estávamos inebriados pela Nova Matriz Econômica do então Ministro da Fazenda Guido Mantega, iniciada, de fato, em 2008 no Governo Lula 2, e aprofundada por Dilma Rousseff até quebrar o País, mergulhando-o na maior crise econômica desde 1901 (vide série).

Em 2010 o Brasil viria a crescer, como nunca antes na história deste País, impressionantes 7,5%, com o consumo das famílias crescendo outros impressionantes 6,2%.

Nessa época de gastos públicos sem responsabilidade fiscal e crescimento baseado, em boa parte, no consumo interno, com desempenho econômico digno de uma China (na época), parecia fazer sentido uma data anterior ao Natal estimulando o consumo, sem, com isso, prejudicar as vendas natalinas.

Como se tivéssemos nos tornado, graças aos gastos públicos ilimitados, uma potência econômica à altura dos Estados Unidos, no qual a Black Friday é apenas mais uma data para consumo de bens em promoção, sem tirar os encantos mercantis do Papai Noel.

Mas nunca fomos e nunca seremos como a economia dos Estados Unidos, a começar pelo tamanho do PIB, por aqui, em 2023, de 2,2 trilhões de dólares, enquanto por lá, de 27 trilhões de dólares (em números arredondados).

Assim, mesmo em um ano de 2023, no qual a economia brasileira cresceu 2,9%, verifica-se o estrago de uma data incorporada em um momento de gasto sem lastro, especificamente na área de atividade comercial Móveis e Eletrodomésticos (magazines e afins).

Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), no acumulado comparativos “mês anterior” de janeiro a dezembro de 2023, em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado), a área de atividade comercial Móveis e Eletrodomésticos decresceu 2,6% (desempenho ano/sobre dezembro de 2022).

Um olhar mais atento no gráfico acima, perceberá que na passagem de outubro para novembro houve crescimento de 5,6%, para, em seguida, na passagem de novembro para dezembro, haver decréscimo de 7,4%.

Ou seja, devolveu-se com sobra o crescimento do mês da Black Friday, acarretando, inclusive, em um decréscimo anual de 2,6%, desempenho real negativo.

Já no mesmo período comparativo, a área de atividade comercial Material de Construção, também em volume de vendas, cresceu 0,3% (desempenho ano/sobre dezembro de 2022).

Baixar gráficos

No gráfico acima é perceptível que, em novembro não ocorreu uma alteração drástica nas vendas, para em dezembro, sem a necessidade de queimar margens, ocorrer um crescimento de 0,7%.

O comércio de materiais de construção não tem deixado de embarcar na Black Friday, mas não sabemos se por falta de interesse dos consumidores, de intensidade das campanhas, baixa penetração das vendas pela internet ou mesmo sorte, a data não colou significativamente no segmento, como colou para móveis e eletrodomésticos.

Recentemente, conversando com um alto executivo de uma rede de magazines, ele confidenciou o desejo de se livrarem dessa data, mas que, para isso, todos os seus concorrentes deveriam fazer o mesmo movimento, o que é impossível.

Desse modo, ao que parece, o comércio de materiais de construção quer entrar na festa, enquanto o comércio de móveis e eletrodomésticos quer sair.

Uma festa que surgiu numa época de irresponsabilidades e excessos, quando gasto era vida.

Newton Guimarães - Pesquisador

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