Comércio de materiais de construção deverá retomar crescimento real em 2024

As vendas de bens duráveis, como materiais de construção para obras e reformas residenciais, são diretamente proporcionais à conjuntura emprego, renda, confiança do consumidor e crédito.

Nesse quadripé que sustenta o consumo das famílias, emprego e renda vêm apresentando desempenhos favoráveis, inclusive com ganhos no salário dos trabalhadores formais e informais acima da inflação, acarretando um crescimento real da massa salarial (fontes: IBGE/CAGED).

Já a confiança dos consumidores, em março de 2024, está acima do mesmo período dos últimos quatro anos (fonte: Ibre/FGV).

Por fim, completando o cenário positivo, os juros do crédito paulatinamente vêm se tornando menos restritivos, acompanhando a redução da taxa básica.

Por outro lado, o contingente de consumidores inadimplentes segue elevado, neutralizando parte dos efeitos positivos dessa conjuntura, ao restringir a base para a contratação de crédito ao consumo e parcelamento de compras (fonte: Serasa).

Nessa conjuntura, as mais recentes projeções estatísticas, baseadas na nova série histórica da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC),  indicam para um crescimento de 0,1%, em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado) para o comércio de materiais de construção Brasil, comparando 2024 com 2023.

Esse desempenho lateralizado aponta para um viés projetivo de piora, pelo terceiro mês consecutivo, após projeção de crescimento de 0,6%, nas análises de dezembro de 2023. Porém, como falamos de projeções atualizadas mensalmente, é muito provável que, a conjuntura positiva descrita acima contribua para a melhora da projeção, consequentemente invertendo para cima a curva de tendência para 2024, nos próximos inputs de dados.

nominalmente (faturamento percebido/volume de vendas com inflação), as projeções estatísticas indicam para um crescimento de 1,5%, para o comércio de materiais de construção Brasil, comparando 2024 com 2023.

A mesma premissa de uma provável melhora nas projeções das vendas reais é válida para as projeções nominais, porém influenciadas pelo quadro desinflacionário no comércio do segmento. Em outras palavras, a melhora do desempenho em volume de vendas poderá não influenciar em igual intensidade a melhora do desempenho nominal.

Para fecharmos, devido à volatilidade dos últimos quatro anos, é prudente estender as análises a períodos maiores, justamente visando neutralizar distorções, a fim de obter uma visão mais precisa.

Em volume de vendas, em dados consolidados IBGE, o comércio de materiais de construção cresceu 3,7%, sobre a inflação do segmento, no acumulado ano 2020 a 2023 (base ano de 2019). Incluindo os dados projetados, poderá crescer 3,8%, sobre a inflação do segmento, no acumulado ano 2020 a 2024 (também base ano de 2019).

Nominalmente, em dados consolidados IBGE, o comércio de materiais de construção cresceu 53%, no acumulado ano 2020 a 2023 (base ano de 2019). Incluindo dados projetados, poderá crescer 55,3%, no acumulado ano 2020 a 2024 (também base ano de 2019).

Desse modo, confirmada a tendência de crescimento em volume de vendas, em 2024 será encerrada a sequência de quedas de 2022 e 2023 (vide acima); enquanto o crescimento nominal poderá ser o oitavo anual consecutivo (2017 a 2024).

Conclui-se que, se não vivenciamos o melhor dos mundos, continuamos defendendo bravamente os ganhos da bolha de 2020 e 2021.

Ressalta-se, por fim, que esse é um modelo puramente matemático, ou seja, não antevê e pondera variáveis sociopolíticas e econômicas futuras, que poderão reverter tendências.

No próximo artigo, iniciaremos as leituras de dados exclusivos, sobre uma nova série comportamental de consumo de materiais de construção.

Newton Guimarães - Pesquisador

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