Serviços correspondem a 39,4% dos gastos nas obras e reformas residenciais

Este artigo complementa o anterior, Classe A gasta, em média, R$70.867,15 nas obras/reformas residenciais, enquanto classe C, R$14.275,45, no qual apresentamos dados sobre os gastos relativos às classes sociais, com destaque na classe A, diferentemente dos gastos absolutos, com destaque na classe B, devido à distribuição dos valores em diversos tipos de canais de compras, e das classes C/D/E, pela concentração nas lojas de bairro.

A partir dessas constatações, evoluímos para a proporção de gastos, perguntando aos consumidores  que realizaram obras e reformas: “Você diria, mesmo que aproximadamente, marcando percentuais, quanto do gasto total com a obra/reforma foi com os produtos (materiais de construção) e quanto foi com a mão de obra (pedreiros, pintores, eletricistas etc.)? A soma deve dar 100%.”

Assim, segundo esses consumidores (detalhes do método e amostra da pesquisa no rodapé do gráfico), aproximadamente 60,6% das despesas ocorreram com materiais de construção, e 39,4% com serviços.

Por classe social, a classe A puxa para cima os gastos com serviços, com 43,6%, e a classe C para baixo, com 38,9%.

Regionalmente, Sul, Nordeste e Centro-Oeste puxam para cima os gastos com serviços, na faixa de 41%, e o Sudeste puxa para baixo, com 37,8%.

Nos recortes por classes sociais, muito provavelmente, os gastos maiores na classe A com serviços se dão, devido à especialização da mão de obra utilizada pelos consumidores de maior poder aquisitivo.

Já por região, muito provavelmente, é apenas um comportamento dessa amostra específica, que deverá flutuar nas próximas pesquisas (confirmaremos essa hipótese, repetindo a pergunta na próxima onda, em novembro).

O faturamento do comércio de materiais de construção vem oscilando mês a mês, com vendas lateralizadas ou discreto crescimento, o que implica, principalmente, em duas constatações, uma positiva e outra preocupante: (1) segue defendendo bravamente o elevado patamar atingido no boom de consumo, ocorrido, principalmente, entre o segundo semestre de 2020 e primeiro semestre de 2022, e (2) as margens no comércio são apertadas, sendo que, enquanto o faturamento segue lateralizado ou crescendo modestamente, as contas relativas aos encargos com funcionários, alugueis e demais prestadores de serviços seguem crescendo, no mínimo, pela inflação mais alguma – ou muita – coisa.

Explorar a alta participação de serviços de mão de obra no total dos gastos com obras/reformas residenciais, tem potencial de oferecer mais uma fonte de receita ao varejo (as formas variam de negócio para negócio), com a vantagem de que uma mão de obra bem treinada garante não só a satisfação dos consumidores – com os devidos estímulos para expansão da obra/reforma  –, como reduz os gastos com retrabalhos, podendo sobrar mais recursos para compra de novos ou melhores materiais.

O peso dos serviços é mais um fator distintivo do comércio de materiais de construção, relativamente aos outros grandes segmentos comerciais brasileiros, que fornece, também, mais uma opção para o aumento da resiliência (ou mesmo, antifragilidade) do segmento, em tempos de estagnação ou crescimentos modestos nas vendas.

No próximo artigo falaremos sobre os sentimentos dos consumidores por seus lares reformados.

Newton Guimarães - Pesquisador

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