Este artigo complementa o anterior, Serviços correspondem a 39,4% dos gastos nas obras e reformas residenciais, no qual apresentamos dados sobre os percentuais de gastos com serviços e materiais de construção, inclusive por classes sociais e regiões, destacando a importância do mercado explorar as possibilidades comerciais da oferta de mão de obra para seus clientes.
Há outro tipo de abordagem, intangível e pouco valorizada no segmento, muitas vezes ainda preso apenas aos aspectos brutos e superficiais das vendas de materiais de construção, que dizem respeito aos sentimentos dos consumidores, quando realizando obras/reformas residenciais.
Consideramos a hipótese de que, se o mercado souber acessar esses sentimentos, além das pedras e metais, aumentam as perspectivas de realizações de obras/reformas regularmente e ainda maiores.
Perguntamos, então, para 1.045 consumidores que haviam reformado, ampliado e/ou construído: “Você diria que passada a pandemia, você está valorizando mais sua residência do que antes?” (detalhes técnicos e da amostra no rodapé dos gráficos).
Do total, 71,1% disseram que sim; 26,7% disseram que estava igual, e apenas 2,2% disseram que não.
Por classe social, destaque na classe B, com maior valorização, com 75,8%; regiões Sudeste e Centro-Oeste, com 73,2% e 74,8%, respectivamente, e nos jovens maduros (31 a 39 anos), com 76,6%.
O único padrão detectado na série histórica dessa pergunta (2021 a 2023), considerando os três perfis acima, é uma maior valorização do lar proporcional ao poder aquisitivo dos consumidores: classes A/B respondem mais positivamente do que a classe C. O restante, por regiões e faixas etárias, oscilam, sem quaisquer padrões.
Abrindo os dados gerais dessa série histórica, nota-se a oscilação comportamental, considerando os períodos pandêmico e pós-pandêmico.
Na Pesquisa 2 | 2021, com obras/reformas realizadas durante o “fique em casa”, a maior valorização do lar atingiu seu pico, com 84,1%*. Já na Pesquisa 2 | 2022, com obras/reformas realizadas durante a reabertura total da economia, decresceu para 65,8%. E, por fim, com a economia já reaberta totalmente, na Pesquisa 1 | 2023, voltou a subir para 71,1%.
Após uma queda dessa valorização com a normalização dos inúmeros serviços fora do lar, passado o período de “gastos de vingança”, é possível que os olhares e corações dos consumidores se voltem, novamente, para seus lares.
Afinal de contas, seria uma imensa ingratidão abandonarem esses lares, que foram tão importantes em um período de medo, incerteza e tristeza.
É provável que esse residual positivo, ao lado do ótimo momento do mercado de trabalho, esteja contribuindo positivamente para as vendas do comércio de materiais de construção que, se embora não experimente um crescimento expressivo, ainda assim, mantém-se, com alguns ganhos, no patamar elevado atingido durante o boom de vendas dos anos anteriores.
No próximo artigo, encerraremos a série de análises baseadas no Painel Comportamental mais recente, aprofundando outros aspectos subjetivos associados aos lares.
*Em 2021, a questão foi diferente de 2022/2023: “Você diria que a pandemia fez com que você valorizasse mais sua residência do que antes?“.
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