Comércio de materiais de construção deverá crescer pelo oitavo ano consecutivo

No artigo anterior, Os dez maiores varejistas respondem por 8,2% da revenda de materiais de construção, concluímos, é possível afirmar que, o comércio de materiais de construção não antecipou faturamento nos anos da pandemia, pois, nominalmente, nada devolveu nos anos seguintes, muito pelo contrário: continuou e continua crescendo”.

De fato, se considerarmos apenas o quadriênio 2020 a 2023 (crise sanitária, invasão da Ucrania e eleições presidenciais com radical alternância político-econômica), nominalmente (faturamento percebido/volume de vendas inflacionado), houve crescimento nos quatro anos, acumulando 53% sobre o ano de 2019.

Apenas para dimensionarmos o que isso significa, no mesmo período comparativo, o Varejo Ampliado (agregado do comércio brasileiro de bens) cresceu 44,5%.

Assim, percentualmente, o comércio de materiais de construção puxou para cima as vendas nominais do comércio brasileiro, relativamente ao pré-pandemia.

E, ao que tudo indica, considerando o encerramento do primeiro semestre, seguirá positivo por mais um ano.

Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), na passagem de maio para junho, o comércio de materiais de construção brasileiro cresceu 4,8%, em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado), e 6,2%, nominalmente.

Dessa maneira, no acumulado dos comparativos “mês anterior” de janeiro a junho de 2024, houve crescimento de 4,4%, em volume de vendas, e de 4,9%, nominalmente (desempenho no primeiro semestre, sobre dezembro de 2023).

Dessa maneira, é evidente que as vendas de materiais de construção no comércio embicaram para cima, e, ainda, com um comportamental saudável de preços, com algum crescimento nominal acima do crescimento real, indicando, possivelmente, para normalização das políticas de preços, após um longo período de desajustes.

Também é muito provável que os esforços de reconstrução do Rio Grande do Sul estejam superando as perdas de maio passado, impactando, não só o comércio do segmento, mas também, a economia como um todo, uma vez que, o mercado segue revisando para cima o crescimento do PIB neste ano, já, em muitas casas, em 2,5%.

Por fim, em outra métrica, comparativo acumulado ano primeiro semestre de 2024 com acumulado ano primeiro semestre de 2023, sobre a base comparativa acumulado ano primeiro semestre de 2023 com acumulado ano primeiro semestre de 2022, em volume de vendas, o comércio de materiais de construção decresce 1,6% (2% sobre -3,5%), e cresce 2,2% (1,5% sobre 0,7%).

Portanto, por ora, o crescimento em volume de vendas no primeiro semestre reduz as perdas do primeiro semestre de 2023, enquanto o crescimento nominal aumenta os ganhos do primeiro semestre de 2023.

Especula-se que a conjuntura positiva emprego e renda e estímulos fiscais do Governo Federal, como o pagamento de R$90,7 bilhões em precatórios, a partir do final de dezembro passado, ou, ainda, os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, que injetou, somente em junho (e julho também), o valor recorde de R$14,2 bilhões na economia, estejam superando os efeitos negativos da taxa básica de juros contracionista.

Porém, se por um lado o consumo interno segue aquecido, por outro lado, o fantasma da inflação volta a rondar a economia, mais notoriamente no atacado e serviços, com expectativas cada vez mais altas e se aproximando do teto da meta do Banco Central do Brasil (BCB) para este ano, em 4,5%.

Entre prós e contras, sazonalmente, sob condições normais, entre 55% e 60% das vendas do comércio de materiais de construção se concentram no segundo semestre, o que pode, mais uma vez, desequilibrar favoravelmente o jogo para o segmento.

A partir desse quadro, considerando a sazonalidade do segundo semestre, no próximo artigo comentaremos as novas projeções estatísticas Best Forecast |Fundação de Dados para o encerramento de 2024 e 2025.

Newton Guimarães - Pesquisador

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