Projeção para crescimento anual do comércio de materiais de construção está em 4,1%

No artigo anterior Comércio de materiais de construção deverá crescer pelo oitavo ano consecutivo, concluímos que, o comércio do segmento embicou para cima, ao final do primeiro semestre, como efeito, principalmente, do mercado de trabalho aquecido e com crescimento da renda real, aumento do contingente de beneficiados e valores dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e demais estímulos fiscais do Governo, como o pagamento de precatórios, superando os efeitos restritivos da taxa básica de juros, ainda contracionista. Também os esforços de reconstrução do Rio Grande do Sul devem ser considerados nos resultados nacionais.

E, justamente, nessa conjuntura de aquecimento do consumo, paralelamente ao desequilíbrio das contas públicas, com gastos superando as receitas, e, consequentemente, provável descumprimento do já revisado Novo Arcabouço Fiscal, as expectativas inflacionárias pioraram, abrindo perspectivas de retomada de alta da taxa básica de juros, atualmente, em 10,5% ao ano.

Apenas para referência, estima-se uma taxa de juros nominal neutra, que não estimularia ou contrairia a economia, em aproximadamente 9% ao ano.

Mesmo diante desse quadro, apoiados no mais recente input de dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), as projeções estatísticas realizadas pela empresa especializada Best Forecast, com apoio e análises da Fundação de Dados, para o desempenho do comércio de materiais de construção brasileiro neste ano, são positivas (detalhes do método projetivo nos rodapés dos gráficos).

Considerando a nova série histórica da PMC/IBGE, de janeiro de 2012 a junho de 2024, o faturamento, em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado), do comércio de materiais de construção crescerá 4,1%, em 2024.

Como é possível perceber no gráfico, a projeção embicou significativamente para cima, principalmente devido à recuperação das vendas do comércio de materiais de construção na passagem de maio para junho, com crescimento, em volume de vendas, de 4,8%, superando as perdas do decréscimo de 2,7%, na passagem de abril para maio.

Ao se confirmar o crescimento real projetado de 4,1%, sobre o decréscimo consolidado pela PMC em 2023, de -1,8%, o saldo no biênio 2024/2023 será positivo em 2,2%.

nominalmente (faturamento percebido/nominal deflacionado), o faturamento do comércio de materiais de construção crescerá 4,3%, em 2024.

Como é possível perceber no gráfico, a projeção embicou significativamente para cima, também principalmente devido à recuperação das vendas do comércio de materiais de construção na passagem de maio para junho, com crescimento nominal de 6,2%, superando as perdas do decréscimo de 3,4%, na passagem de abril para maio.

Ao se confirmar o crescimento nominal projetado de 4,3%, sobre o crescimento consolidado pela PMC em 2023, de 0,2%, o saldo no biênio 2024/2023 será positivo em 4,5%.

Independentemente do crescimento exato (as projeções são ajustadas mensalmente), caso ocorra a elevação da taxa básica de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado de trabalho deverá seguir aquecido, ao menos até novembro próximo, assegurando ao comércio de materiais de construção um encerramento de ano positivo, também considerando que a maior parte das vendas no segmento ocorre, sob condições normais, no segundo semestre (55% a 60% do faturamento anual).

Porém, acende um alerta para o PIB e o comércio do segmento para o próximo ano, cujas previsões de crescimento real para ambos, por ora, são mais tímidas do que as previsões para este ano.

No entanto, seja para o PIB, seja para o comércio de materiais de construção, os cenários e projeções são de desaceleração, mas não, de retração.

Isso faz toda a diferença, mas não altera a necessidade de moderação e prudência.

Newton Guimarães - Pesquisador

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