Com o fechamento dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativos ao terceiro trimestre de 2024, é possível dimensionar a tendência de alta da produção industrial e vendas no comércio, tanto geral, como de materiais de construção.
Segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), nos últimos 12 meses até setembro de 2024, em relação ao período anterior de 12 meses, a produção industrial geral brasileira cresceu 2,6%, ante 0% nos últimos 12 meses até setembro de 2023.
Já a produção de materiais de construção, no índice especial Insumos típicos da construção civil (agregado IBGE de produtos identificados com o setor), nos últimos 12 meses até setembro de 2024 cresceu 3,6%, ante -3,4% nos últimos 12 meses até setembro de 2023.
Assim, ambas as produções, mesmo que irregularmente, apresentaram tendência de alta, principalmente de materiais de construção, que saiu de um patamar negativo nos últimos 12 meses até setembro de 2023, para um patamar significativamente positivo nos últimos 12 meses até setembro de 2024, inclusive, percentualmente, puxando para cima a produção industrial brasileira.
Atribui-se, fundamentalmente, esse desempenho à conjunção construções residenciais e obras de infraestrutura, de caráter mais estrutural, mas, também, ao comércio que, igualmente, apresentou tendência de alta, porém de caráter mais conjuntural.
Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado), nos últimos 12 meses até setembro de 2024, em relação ao período anterior de 12 meses, o Varejo Ampliado (consolidado de 11 áreas de atividades comerciais brasileiras) cresceu 3,8%, ante 1,5%, nos últimos 12 meses até setembro de 2023.
Já a área de atividade comercial Material de Construção, nos últimos 12 meses até setembro de 2024 cresceu 3,6%, ante -4,9% nos últimos 12 meses até setembro de 2023.
Por fim, ainda segundo a PMC, porém nominalmente (faturamento percebido/volume de vendas com inflação), nos últimos 12 meses até setembro de 2024, em relação ao período anterior de 12 meses, o Varejo Ampliado cresceu 6,5%, ante 6,4% nos últimos 12 meses até setembro de 2023.
Já a área de atividade comercial Material de Construção, nos últimos 12 meses até setembro de 2024 cresceu 3%, ante -0,7% nos últimos 12 meses até setembro de 2023.
É interessante que no Varejo Ampliado o percentual de desempenho nominal (com inflação) é maior do que o percentual do desempenho real (deflacionado), comportamento normal de preços.
De maneira oposta, no comércio de materiais de construção, o percentual de desempenho real é maior do que o desempenho nominal, comportamento atípico, que evidencia um mercado ainda em fase de reacomodação e ajustes de preços.
Independentemente disso, o comércio brasileiro de bens, e especificamente de materiais de construção, apresentaram tendências de alta, sendo que, também se destacam as vendas de materiais de construção, que saíram de patamares negativos em setembro de 2023, para patamares positivos em setembro de 2024.
Credita-se tais desempenhos, à conjuntura mercado de trabalho aquecido, ganhos reais no rendimento médio e total (massa salarial), expansão do crédito, estímulos fiscais do governo, aumento de beneficiários e valores dos programas sociais, inflação ainda sob controle e taxa básica de juros, até então, em declínio.
No entanto, tal conjuntura está em processo de reversão, juntamente com uma crise de confiança e expectativas do mercado, o que deverá, talvez após as vendas de final de ano, inverter para baixo as curvas de vendas do Varejo Ampliado e em Material de Construção.
Porém, tal desaceleração não será necessariamente ruim, desde que em nome de certa responsabilidade fiscal do governo, reequilibrando os gastos dentro do Novo Arcabouço Fiscal – e sem manobras contábeis criativas, fora do próprio –, controlando a inflação e proporcionando a retomada do ciclo de queda da taxa básica de juros, reconquistando, mesmo que moderadamente, a confiança do mercado.
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