Este artigo segue a sequência de análises do Painel Comportamental de Consumo de Materiais de Construção, e do artigo anterior, As principais críticas às lojas de bairro, de tintas e home centers, na visão de seus clientes, agora considerando a curva de utilização da internet para compras de materiais de construção para obras/reformas residenciais de 2020 a 2024.
Nas ondas semestrais do Painel, do primeiro semestre de 2020 ao segundo semestre de 2024 (exceto segundo semestre de 2020), pesquisando sempre no mínimo 1020 consumidores que realizaram obras/reformas no último ano, perguntamos: “Agora vamos falar do local de compra dos materiais para sua obra. Quais os tipos de lojas utilizadas para comprar os materiais de construção para sua obra/reforma (somente utilização do tipo de loja, pode marcar independentemente do valor gasto, volume e número de itens comprados, podendo ser apenas uma só compra)?”
Na pesquisa que considerou o período de obras/reformas pré-pandemia, no primeiro semestre de 2020, 18,3% do total de entrevistados haviam comprado ao menos um item para a obra via internet (em sites/e-commerces). O pico dessa série ocorreu no segundo semestre de 2021, quando atingiu 33,2%.
Logo em seguida, no primeiro semestre de 2022, houve acentuada queda para 24,2%, muito provavelmente influenciada pela reabertura total da economia. Desde então, a partir do segundo semestre de 2022, vem oscilando na faixa de 30%.

Apenas considerando esses e-consumidores em seus respectivos semestres, avançamos na investigação da qualificação desses sites/e-commerces: seriam generalistas (tipo Magalu, Lojas Americanas, Shein, Amazon, Mercado Livre, Shopee etc.) ou especializados (tipo Leroy Merlin, Telhanorte, C&C, MadeiraMadeira, Sodimac, Cassol, Ferreira Costa, Balaroti etc.)?
Os sites/e-commerces especializados representavam 55,9% da utilização, contra 33% dos sites/e-commerces generalistas, no primeiro semestre de 2020, ou seja, nas obras/reformas realizadas no período pré-pandemia.
Nos semestres seguintes, durante o período “fique em casa”, os sites/e-commerces especializados cresceram e se distanciaram dos generalistas, porém, desde o primeiro semestre de 2023, houve uma inversão, com essa distância diminuindo significativamente.
Na pesquisa mais recente, no segundo semestre de 2024, os sites/e-commerces especializados representavam 47,1% da utilização, contra 43,5% dos sites/e-commerces generalistas.

Baixar gráficos: artigo, vendas e lançamentos imóveis
Frisando que esse resultado não reflete a realidade dos pequenos reparos, manutenção e melhorias domésticas pontuais, e, sim, o público das obras/reformas residenciais; de fato houve a aceleração da utilização da internet para compra de materiais de construção, passando de aproximadamente 18% no pré-pandemia para uma estabilização na faixa de 30%.
Considerando esse perfil de consumidor, a confortável vantagem dos sites/e-commerces especializados perdurou do pré-pandemia ao segundo semestre de 2022, quando os sites/e-commerces generalistas começaram a se aproximar cada vez mais.
Importante frisar que, na média histórica, 11,4% dos e-consumidores utilizaram ambos, em um comportamento sem grandes oscilações semestrais ou tendências.
Assim, os sites/e-commerces generalistas avançaram na participação de mercado no pós-pandemia, muito possivelmente, em grande parte, vendendo produtos ligados ao acabamento da obra, nem sempre das marcas mais conhecidas e de maior valor agregado e qualidade, e, muitas vezes, com prazo de entrega mais dilatado nos internacionais.
Se essa premissa estiver correta, fatalmente exercem ainda mais pressão sobre os preços dos sites/e-commerces especializados, que poderão se valer da confiabilidade nas bandeiras, apoio das lojas físicas e especialização, além de prazo de entrega mais rápido, venda de itens específicos ou básicos não ofertados pelos generalistas e marcas fortes.
No próximo artigo, compararemos as experiências de compra entre os sites/e-commerces especializados versus generalistas, na avaliação de seus respectivos clientes.
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A Fundação de Dados realiza pesquisas ad hoc e por meio de painéis semestrais com consumidores de materiais de construção, nos quais as empresas assinantes podem inserir entendimentos exclusivos e sigilosos.