Há duas perspectivas conjunturais que estão movimentando o mercado neste momento: uma possível desaceleração econômica mais acentuada a partir de março, ainda não captada pelos dados mais recentes divulgados pelo IBGE, relativos a fevereiro, e, claro, os incertos e imensuráveis efeitos da guerra comercial declarada pelos Estados Unidos.
Portanto, vamos seguir nos atendo aos dados estruturais que, independentemente da desaceleração econômica e tarifas de Trump, permanecerão.
Assim, dando sequência ao artigo anterior “Nas obras residenciais, classes A/B/C gastam, em média, R$18.964,83”, após os consumidores responderem quanto gastaram em suas reformas e/ou ampliações e/ou construções, perguntamos: “Você diria, mesmo que aproximadamente, marcando percentuais, quanto do gasto total com a obra/reforma foi com os produtos (materiais de construção) e quanto foi com a mão de obra (pedreiros, pintores, eletricistas etc.)?”
Novamente, apoiados nas três ondas mais recentes do Painel Comportamental de Consumo de Materiais de Construção 2022, 2023 e 2024, com pesquisas realizadas em novembro do respectivo ano, com 1.020 consumidores que fizeram obras e reformas no último ano (detalhes técnicos no rodapé do gráfico), notamos que os produtos respondem pela maior parte dos gastos.
Na Pesquisa 2 | 2022, do total gasto na obra/reforma, 41,2% foram atribuídos aos materiais de construção, enquanto 58,8% à mão de obra. Porém, é possível que essa onda tenha captado alguma distorção ou viés de amostra, pois nos outros dois anos seguintes ocorreram inversões dessa proporção.
Na Pesquisa 2 | 2023, do total gasto na obra/reforma, 60,6% foram atribuídos aos materiais de construção, enquanto 39,4% à mão de obra, e, na Pesquisa 2 | 2024, 58,8% foram atribuídos aos materiais de construção, enquanto 41,2% à mão de obra.
Dessa maneira, ao longo dos três anos, chegamos à proporção média de 53,5% com materiais de construção, e 46,5% com serviços.

Baixar gráficos: artigo, comércio e indústria
Frisando sempre que, o conceito de painel permite no decorrer do tempo corrigir vieses e distorções de determinada pesquisa, aproximando-se, a cada onda, da informação correta.
Assim, tudo indica que há uma tendência de mais gastos com materiais de construção do que com serviços.
Também é interessante notar que não há diferenças relevantes na proporção média por classe sociais e regiões.
No entanto, mesmo que essa proporção se aproxime, em números redondos, de 55% com materiais de construção e 45% com serviços (verificaremos isso na próxima pesquisa de novembro), ainda assim, quantos dos grandes segmentos de mercado tem uma participação tão expressiva de serviços na composição dos gastos totais dos consumidores?
Consequentemente, o varejo de materiais de construção cada vez mais incorpora serviços às vendas de produtos, e, o mercado, de maneira geral, treinamento e qualificação da mão de obra, melhorando a produtividade, evitando retrabalhos e transtornos para os consumidores, e, quem sabe, em um mundo ideal, aumentando a participação dos produtos nos gastos totais.
Ou mesmo, os gastos totais!
No próximo artigo abordaremos mais uma aspecto estrutural que transpassa a conjuntura de retração e volatilidade econômica: os sentimentos dos consumidores pelos seus lares.
Ao seguir e ativar o sininho da LinkedIn Company Page Fundação de Dados, você receberá notificações sobre novos artigos.
A Fundação de Dados realiza pesquisas ad hoc nos segmentos de materiais de construção e móveis, e por meio de painéis semestrais com consumidores de materiais de construção, nos quais as empresas assinantes podem inserir entendimentos exclusivos e sigilosos.