Consideramos que há aspectos intangíveis nas vendas de materiais de construção, que vão além de pedra, areia e metal, mas que conversam diretamente com os sentimentos e expectativas de vida dos consumidores.

Portanto, se no artigo anterior “Materiais de construção respondem pela maior parte dos gastos nas obras residenciais” a abordagem foi sobre aspectos transacionais, neste artigo abordaremos aspectos sentimentais.

Ambos são complementares e igualmente importantes.

Apoiaremos esta análise nas quatro ondas mais recentes do Painel Comportamental de Consumo de Materiais de Construção 2021, 2022, 2023 e 2024, com pesquisas realizadas em novembro do respectivo ano, com 1.020 consumidores que fizeram obras e reformas no último ano (detalhes técnicos no rodapé do gráfico).

Perguntamos, na onda de 2021, quando os consumidores ainda estavam na fase de flexibilização do “fique em casa”: “Você diria que a pandemia fez com que você valorizasse mais sua residência do que antes?”

Nessa pesquisa específica, 84,1% disseram que sim; 10,1% disseram que estava igual, e somente 5,9% disseram que não. Nada mais natural para aquele momento do que um maior apego e valorização do lar.

Mas, e passado esse momento?

A partir da onda de 2022, a pergunta foi alterada para: “Você diria que passada a pandemia, você está valorizando mais seu lar do que antes?” 

Em 2022, 65,8% disseram que sim; em 2023, 71,1%, e, em 2024, 68,2%, em uma média dos três anos de 68,4%.

Embora tenha havido uma queda, relativamente à pandemia, ainda assim permaneceu um residual significativo de apego e valorização do lar, na faixa de 68% e ainda com certa estabilidade, indicando um sentimento enraizado nas famílias.

Ao fim, esse sentimento positivo em relação ao lar, se bem trabalhado pelo comércio e indústria de materiais de construção e móveis, tem potencial de estimular decorações, melhorias, manutenções, obras e reformas residenciais, independentemente da conjuntura macroeconômica.

No próximo artigo abordaremos o significado do lar por classes sociais.

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