Marginais são os maiores influenciadores do segmento de materiais de construção

Talvez o segmento de materiais de construção, cujo sell out em 2024 foi de estimados R$270,1 bilhões (fonte IBGE com elaboração Fundação de Dados), seja o maior segmento de mercado em participação de serviços no total gasto pelos consumidores finais.

Como analisamos no artigo Materiais de construção respondem pela maior parte dos gastos nas obras residenciais, considerando uma série histórica de três anos, do total gasto em uma obra/reforma residencial, 46,5% é com a mão de obra.

Porém, não só a dimensão de gastos com pedreiros, pintores, eletricistas e demais executores é expressiva. A influência desses executores para a escolha de produtos e lojas também é reconhecidamente alta.

Logo, é fundamental saber de quem, de fato, estamos falando.

Vamos publicar uma sequência de três artigos, obedecendo a seguinte lógica: (1) uma visão macroeconômica sobre o perfil desses profissionais; (2) uma visão quantitativa microeconômica, e (3) uma visão qualitativa sobre os pedreiros.

No âmbito macro, segundo a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), ao término do primeiro trimestre de 2025 havia 7.456 milhões de pessoas ocupadas (trabalhando) na atividade Construção, um crescimento de 89 mil trabalhadores em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

Essa mão de obra compõe o grupamento de atividade Construção IBGE (seção F – construção e incorporação de edifícios, obras de infraestrutura e serviços especializados para construção), incluindo pessoas trabalhando, formal e informalmente, em construções diversas, infraestrutura, edificações residenciais, comerciais, reformas, manutenções correntes, complementações e alterações de imóveis.

Aqui, além dos operários das construtoras, também estão os pedreiros, pintores, eletricistas etc., que tantas e tantas vezes tornaram nossas casas mais bonitas e agradáveis para vivermos.

Vamos nos restringir agora, apenas aos trabalhadores celetistas (contratados em regime CLT), monitorados pelo Cadastro Geral do Emprego e Desemprego (CAGED).

Em março de 2025 havia 2.958 milhões de celetistas (em números arredondados) na atividade Construção, um crescimento de 100.159 trabalhadores em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Essa mão de obra compõe o grupamento da atividade Construção do CAGED (engloba construção de edifícios, obras de infraestrutura e serviços especializados para construção –  atende as duas primeiras), fundamentalmente contratada pelas construtoras.

A primeira conclusão óbvia – e positiva – é que ambos os perfis cresceram no comparativo anual: tanto somente os celetistas, como o do contingente total.

Agora, entrando no campo da ordem de grandeza, cruzando ambas as fontes, podemos concluir que do contingente total da mão de obra na atividade Construção, apenas 39,7% são celetistas.

Se considerarmos a mesma métrica, fontes e períodos comparativos, concluímos que do contingente total de trabalhadores brasileiros, 46,7% são celetistas.

Assim, em termos de formalização do trabalho em regime CLT, a atividade Construção encontra-se, proporcionalmente, 7% abaixo da participação de celetistas no total de trabalhadores brasileiros.

Vamos dar um último passo nesse aprofundamento. Falta pouco para a principal conclusão.

Pesquisas Fundação de Dados realizadas com a mão de obra não celetista desde 2022, indicam que do total desse perfil de executores na Construção, apenas 11,2% tem CNPJ.

O que representaria 7,2% do total geral de 7.456 milhões de pessoas ocupadas (trabalhando) na atividade Construção, ou 535 mil trabalhadores.

Portanto, sobra um contingente de 3.963 milhões de pedreiros, pintores, eletricistas e demais executores (53,1% do total) sem qualquer tipo de vínculo empregatício.

Paradoxalmente, é esse batalhão de pessoas à margem da sociedade, que entra nos lares das famílias, conquista sua confiança e respeito, e está entre os maiores influenciadores para compra dos materiais de construção e escolha das lojas.

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