No primeiro artigo desta série, Atacado de materiais de construção responde pela maior parte do sell-out do segmento, estimamos que dos R$ 310,3 bilhões brutos faturados no varejo de materiais de construção, R$167,7 bilhões teriam origem direta no atacado, ou seja, 54%.
No artigo seguinte, Para cada atacadista, há 10,3 varejistas de materiais de construção, constatamos que essa média baixa indicaria uma forte concorrência no segmento, além de que uma só loja poderia ser atendida por inúmeros atacadistas.
Ainda apoiados na Pesquisa Anual de Comércio (PAC), antes de apresentarmos mais esta análise, seria importante frisar que (i) a Pesquisa considera o número de empresas comerciais formalmente constituídas, e não estabelecimentos ou pontos comerciais; (ii) os resultados são relativos ao ano de 2023, elaborados em 2024 e divulgados em 2025; e (iii) esta trilogia sobre o atacado dialoga com a trilogia sobre o varejo, encerrada no artigo Varejistas de materiais de construção faturaram, em média, R$ 159.281,00 por mês.
Avancemos!
Segundo a Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em média, o atacado de materiais de construção faturou R$ 8.163.998,00 por ano; portanto abaixo do faturamento bruto médio anual do atacado brasileiro, de R$ 16.250.660,00.

Dessa maneira, enquanto cada comércio varejista de materiais de construção faturou no ano R$ 1.911.369,00, portanto, na média mensal, R$ 159.281,00, cada comércio por atacado de madeira, ferragens, ferramentas, material elétrico e material de construção (nomenclatura oficial IBGE) faturou no ano R$ 8.169.998,00, portanto, na média mensal, R$ 680.333,00.
Por fim, como foi a evolução do atacado de materiais de construção comparada à evolução do atacado brasileiro?
Na passagem de 2022 para 2023, o faturamento bruto anual do comércio por atacado brasileiro cresceu 5,1% (de R$ 3,6 trilhões para R$ 3,8 trilhões), enquanto o comércio por atacado de materiais de construção cresceu 4,4% (de R$ 123,6 bilhões para R$ 129 bilhões).
Em unidade de empresas, o comércio varejista brasileiro cresceu 0% (de 234.682 para 234.589), enquanto o comércio por atacado de materiais de construção cresceu 17,5% (de 13.445 para 15.799).

Baixar gráficos: artigo, varejo matcons e tendências
Parece fazer sentido que, no agrupamento comercial mais pulverizado da PAC, com 162.351 empresas varejistas de materiais de construção formalmente constituídas, o número de empresas por atacado de materiais de construção formalmente constituídas tenha crescido significativamente mais do que no comércio por atacado em geral (no link dos gráficos constam os CNAEs).
No entanto, quando analisamos apenas o faturamento bruto, percentualmente, o crescimento do comércio por atacado de materiais de construção, embora expressivo, foi menor do que o do comércio por atacado em geral.
Assim, a concorrência cresce, criando um ambiente favorável para o desenvolvimento das lojas de bairro pequenas e médias, e, possivelmente, aumentando seu poder de barganha.
Como se não bastasse, tal concorrência obriga os atacadistas já bem estabelecidos a diferenciarem-se, além da entrega e do preço.
Ou, como já bem comentou em um artigo anterior desta série o leitor Alessandro Fantinato, “o atacado que quiser continuar como protagonista precisa se ver como plataforma de soluções. Criar valor real, ampliar canais, ser ponte entre indústria e varejo.”
No próximo artigo, retomaremos análises comportamentais do consumo de materiais de construção, alternado leituras macro com microeconômicas.
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