Projeções para o faturamento do comércio de materiais de construção em 2025 e 2026

No artigo anterior, Lojas de bairro: como melhorar a experiência de compra segundo os clientes, analisamos dados microeconômicos de pesquisas próprias, com os principais pontos de melhoria das lojas de bairro (próximas da obra, pequenas, médias e multicategorias de produtos) na ótica de seus clientes.

A motivação do artigo foi justamente a constatação da expressiva pulverização no segmento e do possível aumento da concorrência entre os atacadistas, finalizada na trilogia de artigos Atacadistas de materiais de construção faturaram, em média, R$ 680.333,00 por mês.

Vamos retomar os dados macroeconômicos, desta feita analisando, mediante as informações das quais dispomos hoje, as perspectivas para o comércio de materiais de construção em 2026.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) recentemente publicou as pesquisas mais importantes relativas ao terceiro trimestre do ano vigente, o que nos permitirá, com um elevado grau de acurácia, projetar o fechamento deste ano.

E com um grau significativamente menor, as perspectivas para 2026.

Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), no acumulado dos comparativos mês anterior de janeiro a setembro de 2025, a atividade comercial Material de Construção cresceu 1,4% em volume de vendas (faturamento real/deflacionado – detalhes técnicos no rodapé do gráfico) e 4,1% nominalmente (faturamento percebido/inflacionado).

Dessa maneira, em ambas as leituras, desacelera em relação ao mesmo período e métrica de 2024, quando havia crescido 5,6% em volume de vendas e 6,2% nominalmente.

Como esperado, os resultados nominais são superiores aos resultados reais, devido às forças inflacionárias que, como podemos ainda notar no gráfico acima, são maiores na ponta em 2025 do que foram em 2024.

Esse é um processo natural de acomodação de preços, muito provavelmente, refletindo no ano vigente os repasses realizados pelos fornecedores principalmente no ano anterior, aproveitando, justamente, as vendas aquecidas.

Também é perceptível que houve uma desaceleração maior nas vendas reais do que nas nominais, o que, muitas vezes, pode passar uma impressão equivocada da dimensão dessa desaceleração, já que a inflação distorce as análises.

Por fim, em outra métrica da PMC, no comparativo acumulado ano setembro de 2025 com acumulado ano setembro de 2024, a atividade comercial Material de Construção cresceu 0,6% em volume de vendas e 3,2% nominalmente.

Baixar gráficos: artigo, linhas de tendências comércio de matcons

Dessa maneira, é certo que, ao final do ano vigente, o comércio de materiais de construção desacelerará, após crescer, no comparativo 2024 com 2023, 4,8% em volume de vendas e 4,9% nominalmente.

Análises Fundação de Dados, realizadas em parceria e a partir de um modelo projetivo desenvolvido pela empresa especializada Best Forecast Marketing e Modelagem, vêm oscilando nos últimos quatro meses (a cada novo input mensal de dados PMC, a atualizamos) entre -0,2% e 1,3% em volume de vendas e, nominalmente, entre  2,3% e 3,5%.

Em relação às projeções, somente abrimos as análises integrais e com números exatos nos relatórios para nossos clientes, já que, nessas análises técnicas acrescentamos à estatística, arte.

E é justamente isso que faremos a seguir, nas perspectivas para 2026.

As projeções indicam continuidade da desaceleração em volume de vendas com perspectiva de mínima aceleração nos resultados nominais (em resultados fechados ano).

No entanto, as estatísticas não captam variáveis imponderáveis (a tal da arte), como os efeitos dos estímulos governamentais fiscais e creditícios com juros subsidiados e reduzidos, sendo que, nestes últimos, há um aumento das políticas parafiscais (utilizando fundos ou bancos públicos), portanto sem freios, enquanto fora do Orçamento da União e do desacreditado arcabouço fiscal do Ministério da Fazenda.

Por exemplo, segundo o Ministério das Cidades, apenas nos dez primeiros dias de concessão do Programa Reforma Brasil (linha de crédito com juros subsidiados ou reduzidos para a realização de reformas), “cerca de 17,6 mil clientes já iniciaram o processo de contratação, sendo que 13,1 mil se enquadram na Faixa 1 do programa, que contempla famílias com renda mensal de até R$ 3,2 mil”.

Potencialmente, o programa pode injetar R$ 40 bilhões no comércio de materiais de construção, o que subverte qualquer projeção estatística baseada em séries históricas.

Poderíamos enumerar outros estímulos fiscais e creditícios, inclusive para o financiamento imobiliário, no entanto, não caberia neste artigo, que, por sinal, já está longo.

Portanto, finalizando e acrescentando à estatística, arte, o próximo ano eleitoral será sangrento, em um feroz embate entre os riscos do aumento da dívida pública – com a consequente perda de confiança do mercado na capacidade do País em honrá-la – e os diversos programas e estímulos econômicos, devido ao desejo irrefreável dos atuais mandatários de se reelegerem.

Com isso, é provável que o comércio de materiais de construção reverta a prevista continuidade da desaceleração em faturamento real e cresça em linha com o ano de 2025, ou, até mesmo, discretamente acima.

Porém, é recomendável prudência e temperança (duas das principais virtudes estoicas) com esses resultados positivos, pois a conta dos gastos públicos e a preocupante piora da relação dívida pública da União/PIB – esta métrica tem credibilidade – terão de ser pagas pelo Brasil em 2027.

E, neste momento, não há estatística, nem arte e nem pai de santo que possam prever os impactos dessa conta.

Por ocasião do evento Celebração de 15 anos G8 – Resultados & Recordes, a ser realizado no dia 01 de dezembro, no próximo artigo aprofundaremos as perspectivas para as lojas de bairro e atacadistas de materiais de construção.

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