No artigo anterior, Indústria de materiais de construção passa pela segunda onda de desaceleração no pós-pandemia, avaliamos que a desaceleração econômica atingiu em cheio as indústrias de materiais de construção, mantendo a produção física pelo terceiro mês consecutivo no campo contracionista (na métrica acumulado ano comparado com o mesmo período acumulado do ano anterior).
Seguindo os mesmos critérios analíticos e métricas, vamos agora avaliar os impactos da desaceleração no comércio de materiais de construção, apoiados na mais recente Pesquisa Mensal de Comércio (PMC).
Segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no comparativo do acumulado ano outubro de 2025 com o acumulado ano outubro de 2024, em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado), houve crescimento de 0,1%.
Assim, após crescer 4,8% no comparativo ano de 2024 com 2023, desde o comparativo acumulado ano junho de 2025 com o acumulado ano junho de 2024 há desaceleração.

Apenas para registro, nominalmente (faturamento percebido/volume de vendas com inflação), no mesmo período comparativo, houve crescimento de 3%, também desacelerando desde junho de 2025 (acessar gráficos dos desempenhos nominais no link dos gráficos).
Por fim, na métrica mais adequada para análises de linhas de tendência – comparativo últimos 12 meses com os últimos 12 meses anteriores – o comércio de materiais de construção, em volume de vendas, desacelera também desde junho de 2025.

Baixar gráficos: artigo, desempenhos nominais Matcons
Reforçamos que a escolha do início da série em janeiro de 2020 não foi aleatória, mas sim proposital, visando identificar o comportamento do comércio do segmento após os desarranjos causados pela pandemia.
Assim como concluímos na leitura sobre a produção industrial, é evidente que os efeitos contracionistas da taxa Selic elevada estão superando os estímulos fiscais e creditícios do governo federal.
Ciente dessa desaceleração, o próprio governo federal lançou mais uma linha de crédito com juros subsidiados ou reduzidos, denominada Programa Reforma Casa Brasil – destinada a reformas e melhorias residenciais –, com potencial de injetar R$ 40 bilhões no comércio de materiais de construção.
É possível que, em 2026, o programa colabore para a interrupção dessa desaceleração, sendo ainda incerta a dimensão de seu impacto.
Por ora, sem considerar no modelo esse estímulo, nossas projeções estatísticas, realizadas em parceria com a empresa especializada Best Forecast Marketing e Modelagem, estimam um crescimento, em volume de vendas (real), de 0,8% em 2025 e de 0,5% em 2026 (ajustadas a cada novo input de dados mensais).
No entanto, certo mesmo é que o próximo ano será ruidoso, com muita gente falando e pouco sendo de fato dito.
Desejamos a todos que saibam separar os ruídos dos sinais, preparando os negócios para o ano de 2027, quando os excessos de intervenções fiscais e creditícias do atual governo começarão a ser pagos.
Por bem ou por mal.
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