TENDÊNCIAS PARA INDÚSTRIAS DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO E MOVELEIRA

Este artigo complementa o anterior, Vendas de móveis e eletros reagem, materiais de construção desaceleram, trazendo uma leitura comparativa dos segmentos de móveis e materiais de construção, porém, ao invés das perspectivas comerciais, aqui, analisaremos as perspectivas industriais.

Segundo a mais recente Pesquisa Industrial Mensal (PIM), no indicador especial produção física de bens de consumo duráveis – móveis (em m², m³, quilos, toneladas etc.), a produção de móveis para consumo, no comparativo acumulado ano 2021 com acumulado ano 2020, decresceu 1,4%. Já, no comparativo acumulado ano primeiro quadrimestre de 2022 com acumulado ano primeiro quadrimestre de 2021, está decrescendo 31,1%.

Há dois aspectos importantes no gráfico acima: a leitura dos dados mais recentes se dá sobre uma base comparativa extremamente elevada, cujo pico foi atingido no comparativo acumulado ano maio de 2021 com acumulado ano maio de 2020, em 37%. Assim, o desempenho das indústrias de móveis para consumo em 2022, principalmente a partir de junho, tende a continuar sua trajetória de melhora, porém, sem garantia de crescimento, num ano que abriu em -41,1%, no comparativo janeiro de 2022 com janeiro de 2021, e está em -31,1%.

No indicador especial produção física de insumos típicos da construção civil (agregado dos produtos identificados com o setor), a produção de materiais de construção, no comparativo acumulado ano 2021 com acumulado ano 2020, cresceu 8,1%. Já, no comparativo acumulado ano primeiro quadrimestre de 2022 com acumulado ano primeiro quadrimestre de 2021, está decrescendo 10%.

Aqui, também, a leitura dos dados mais recentes se dá sobre uma base comparativa extremamente elevada, cujo pico foi atingido no comparativo acumulado ano maio de 2021 com acumulado ano maio de 2020, em 27,1%. Também, o desempenho das indústrias de materiais de construção em 2022, principalmente a partir de junho, tende a continuar sua trajetória de melhora, porém, sem garantia de crescimento, num ano que abriu em -11,7%, no comparativo janeiro de 2022 com janeiro de 2021, e está em -10%. 

Constata-se, então, a diferença entre a produção de móveis e, num nível significativamente melhor, a produção de materiais de construção.

Relativamente ao consumo interno, pode-se especular que enquanto a produção de móveis depende diretamente do comércio, a de materiais de construção é distribuída em obras públicas e de infraestrutura (em ano eleitoral) e construtoras (após o boom de lançamentos de imóveis residenciais), compensando a desaceleração do comércio.

Se, no comércio, no qual a diversificação da oferta de produtos para o lar pode minimizar os impactos da volatilidade e desaceleração das vendas, na indústria, ter opções de fornecimento para mercados distintos, embora correlatos, pode, também, repercutir no mesmo efeito positivo.

Newton Guimarães - Pesquisador

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