Desestimular parcelamento no cartão é desestimular reformas residenciais

Este artigo procede as análises dos hábitos e atitudes dos consumidores de materiais de construção, iniciadas no artigo anterior, A importância dos banheiros e quartos para vendas de materiais de construção, tendo como base três ondas anuais do Painel Comportamental de Consumo de Materiais de Construção (informações sobre método e amostras no final do artigo).

Recentemente, na palestra Os resultados do Brasil estão melhorando, mas lentamente”, o presidente do Banco Central do Brasil (BCB), Roberto Campos Neto, alertou que aproximadamente 40% do consumo brasileiro é realizado pelo cartão de crédito, número significativamente acima dos Estados Unidos, com aproximadamente 28%, e ainda mais acima dos mercados emergentes, com aproximadamente 15%.

Porém, quando analisamos o consumo de materiais de construção para obras/reformas residenciais, a utilização do cartão de crédito sobe para 70,8%, na pesquisa mais recente, com média, nos três anos, de 66,6% de utilização.

Também é notório, como esperado, o expressivo crescimento do PIX, no comparativo da pesquisa de 2021 com a pesquisa de 2023, em 175,2%, substituindo, principalmente, o uso do dinheiro, mas também, do cartão de débito. Porém a utilização do PIX pode ser ainda maior, quando consideramos o item transferência de dinheiro pelo aplicativo/site do banco, com média, nos três anos, de 11,2% de utilização, podendo ser DOC, TED ou, também, PIX.

Por fim, é relevante a tendência de crescimento do cartão da loja, no comparativo da pesquisa de 2021 com a pesquisa de 2023, em 85,2%, porém com participação ainda pequena, em 10% de utilização, na pesquisa mais recente.

Assim, retomando o ponto principal, é incontestável a importância do cartão de crédito e parcelamento das compras, para o desempenho das vendas de materiais de construção para as obras/reformas residenciais.

No momento em que o governo discute formas de tabelar os  juros no crédito rotativo, pode tornar os cartões inviáveis e reduzir a oferta de crédito, desestimulando a realização das obras/reformas residenciais, e, consequentemente, prejudicar as vendas de materiais de construção.

A Fundação de Dados iniciará uma nova pesquisa com 1.020 consumidores de materiais de construção. Estamos à disposição de empresas interessadas em inserir entendimentos exclusivos e acessar, também, os demais materiais gerados.

Método: pesquisas realizadas em maio do respectivo ano, considerando consumidores de materiais de construção das classes A/B/C, nas regiões Sudeste, Sul, Nordeste e Centro-Oeste, nas últimas três ondas: Pesquisa 1 | 2021 (1.021 consumidores de materiais de construção, que reformaram/ampliaram/construíram seus lares, predominantemente, entre maio de 2020 e abril de 2021); Pesquisa 1 | 2022 (1.022 consumidores de materiais de construção, que reformaram/ampliaram/construíram seus lares, predominantemente, entre maio de 2021 e abril de 2022), e Pesquisa 1 | 2023 (1.021 consumidores de materiais de construção, que reformaram/ampliaram/construíram seus lares, predominantemente, entre maio de 2022 e abril de 2023).

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