Perspectivas para vendas de materiais de construção, móveis e eletrodomésticos

Complementando o artigo da semana anterior, Perspectivas para as produções industriais de materiais de construção e móveis, trazemos uma análise da área de atividade comercial Material de Construção e atividade Móveis e Eletrodomésticos.

Segundo a mais recente Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), o comércio brasileiro de bens (Varejo Ampliado), no acumulado dos comparativos “mês anterior” de janeiro a agosto de 2024, cresceu 3% (sobre dezembro de 2023).

Já o comércio de materiais de construção, na mesma métrica e período comparativo, cresceu 5%, enquanto o comércio de móveis e eletrodomésticos (magazines e formatos similares) cresceu 7,2%.

Logo, neste ano, as áreas de atividades de bens duráveis para o lar estão, percentualmente, puxando para cima o comércio brasileiro, que engloba, também, bens não duráveis, como alimentos e bebidas, e bens semiduráveis, como vestuários e calçados.

Assim, os efeitos da política fiscal expansionista do governo e mercado de trabalho aquecido, inclusive com ganhos reais no salário médio (influenciado também pelo aumento real do salário mínimo), se sobrepuseram aos efeitos contracionistas da taxa básica de juros, até então, em 10,5%.

nominalmente (faturamento percebido/volume de vendas com inflação), na mesma métrica e período comparativo, o comércio brasileiro cresceu 5,5%, de materiais de construção cresceu 4,2% e de móveis e eletrodomésticos cresceu 7,7%.

Baixar gráficos: artigo, inflação materiais de construção e móveis

Assim, os crescimentos do comércio brasileiro e de móveis e eletrodomésticos são ainda maiores, considerando a inflação do período.

Por outro lado, provavelmente por uma acomodação de preços com repasses represados ainda sendo feitos pelos fornecedores, e/ou, até mesmo, substituições de produtos de maior valor por produtos de menor valor, o comércio de materiais de construção apresenta desempenho melhor em faturamento real do que em faturamento com inflação.

Especificamente o comércio de móveis e eletrodomésticos, ou magazines, como Magalu, Casas Bahia, Ponto, Lojas Colombo, entre outros formatos similares, que passaram por momentos mais difíceis no pós-pandemia, recuperam parte das perdas, reforçando a tese de que, muito do crescimento das vendas de bens foi influenciada pelo expressivo aumento dos beneficiários e gastos com programas sociais e de transferência de renda, além do aumento real do salário mínimo, inclusive, estendido à Previdência Social.

Tal hipótese é embasada no fato de que, os magazines são predominantemente frequentados por consumidores das classes C/D, acendendo um alerta para 2025, quando, salvo medidas contábeis criativas, não haverá espaço fiscal para continuidade da expansão desses e de outros gastos governamentais.

Pelo contrário, poderá ocorrer uma revisão com redução, recém-anunciada pelos Ministérios do Planejamento e Fazenda, paralelamente ao aumento da taxa básica de juros e encarecimento do crédito ao consumo de bens.

Esse artigo foi adaptado do Informe Semanal 238, aqui publicado devido ao momento orçamentário 2025 do segmento.

Newton Guimarães - Pesquisador

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