SEM EXTERNALIDADES, FUNDAMENTOS DA ECONOMIA SEGUEM FIRMES

Sob condições normais, as vendas de materiais de construção e móveis estão fundamentalmente ligadas à conjuntura emprego-renda e confiança do consumidor.

Segundo a recém-divulgada Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), no primeiro trimestre de 2022 houve redução de 472 mil pessoas ocupadas (trabalhando formal ou informalmente), no comparativo com o quarto trimestre de 2021.

Porém, esse é um comportamento sazonal: o pico da empregabilidade é atingido no final de cada ano, com declínio no início do ano seguinte e crescimento a partir do segundo trimestre.

Positivamente, há 8,1 milhões de trabalhadores a mais, do que no mesmo trimestre de 2021, e 2,1 milhões de trabalhadores a mais, do que no mesmo trimestre de 2020, primeira pesquisa de emprego sob impacto da pandemia.

RENDIMENTO SALARIAL

Assim, também positivamente, segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre de 2022 houve crescimento de 1,5%, no rendimento médio real das pessoas ocupadas (descontada inflação), no comparativo com o quarto trimestre de 2021.

É notório que ao fim do primeiro trimestre do ano, mesmo com a inflação ainda elevada, a renda média dos trabalhadores reagia e apresentava ganhos reais. Era, portanto, evidente o potencial de recuperação no pós-pandemia. Porém, a pesquisa não capta na totalidade a nova onda inflacionária pós-invasão da Ucrânia, sendo possível uma reversão dessa tendência na próxima PNADC.

Ainda, houve queda de 8,6%, no rendimento médio real das pessoas ocupadas, no comparativo com o mesmo trimestre de 2021; e queda de 8,2%, no comparativo com o mesmo trimestre de 2020. Nas comparações que consideram um maior período de tempo, não é possível diluir o impacto inflacionário na média salarial real.

MASSA SALARIAL

Dessa forma, no primeiro trimestre de 2022, a massa de rendimento real das pessoas ocupadas (total de recursos financeiros oriundos do trabalho no mercado de consumo, descontada inflação), também se recuperava, com crescimento de R$2,3 bilhões, no comparativo com o quarto trimestre de 2021.

Por fim, no gráfico acima, houve crescimento de R$0,4 bilhão, no comparativo com o mesmo trimestre de 2021; e queda de R$15,2 bilhões, no comparativo com o mesmo trimestre de 2020.

Nessa última comparação é quantificada a perda do poder de consumo em longos períodos de corrosão inflacionária. Porém, mesmo assim, na PNADC anterior, essa queda real no comparativo entre os mesmo períodos de 2022 com 2020 estava em R$18,2 bilhões, reforçando, assim, a leitura de que eliminando os fatores externos, a economia do País está bem fundamentada e preparada para voltar a crescer consistentemente.

Basta termos paz na Europa, mas, também, no Brasil. Para então, entrar o terceiro fator da conjuntura: confiança do consumidor.

Newton Guimarães - Pesquisador

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