Materiais de construção após desinflação e redução da taxa básica de juros

Logo no primeiro mês deste ano, após a aprovação da PEC da Transição e decretação oficial do fim do Teto de Gastos, o ministro Fernando Haddad anunciou uma série de medidas fiscais, fundamentalmente com foco em reversões de desonerações e revisões de contratos e programas, visando, justamente, colocar alguma coisa no lugar de um programa que, de fato, garantisse a responsabilidade no trato das contas públicas a longo prazo.

O objetivo era muito mais dar um pretexto para o Banco Central (BC) baixar a taxa básica de juros, do que comprometer-se com algum tipo de ajuste fiscal.

Porém graças à sua autonomia, o BC fincou o pé na manutenção da taxa Selic, em 13,75%, obrigando o Governo, não sem uma série de ataques à autoridade monetária, a elaborar um programa fiscal de verdade.

Assim, saiu o novo arcabouço, um compromisso em não aumentar os gastos irresponsavelmente, proporcionando um limite ao déficit fiscal de 2023, já contratado e precificado, com perspectiva de reduçao nos próximos anos.

Paralelamente, segundo o mais recente Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação geral e de materiais de construção dão sinais inequívocos de desaceleração, respondendo à política contracionista do BC.

No acumulado ano primeiro semestre de 2023, a inflação geral foi de 2,87%, ante 5,49%, no mesmo período de 2022, logo, em desaceleração.

Já no item Reparos (cesta de materiais de construção por categorias + mão de obra), a inflação no primeiro semestre de 2023 foi de 1,24%, ante 4,81%, no mesmo período de 2022, logo, também em desaceleração, inclusive, com deflação na maior parte das categorias.

Relativamente à inflação geral, a curva de tendências últimos doze meses decresceu pelo décimo segundo mês consecutivo, passando de 3,94%, nos últimos doze meses até maio de 2023, para 3,16%, nos últimos doze meses até junho de 2023.

Relativamente à cesta de materiais de construção, a curva de tendências últimos doze meses decresceu pelo nono mês consecutivo, passando de 4,7%, nos últimos doze meses até maio de 2023, para 4,27%, nos últimos doze meses até junho de 2023.

As condições estão dadas, com a eminência da aprovação do programa de responsabilidade fiscal e a desinflação da economia, para o BC iniciar o ciclo de redução da taxa básica de juros, porém com maiores reflexos na concessão de crédito para consumo, somente no decorrer de 2024.

Assim, como consequência da desaceleração do consumo de materiais de construção no ano vigente, ao menos os preços estão devolvendo parte dos aumentos dos anos anteriores, quando o mercado estava superaquecido, em um processo de acomodação para a nova realidade comercial pós-pandêmica.

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Newton Guimarães - Pesquisador

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